quinta-feira, 27 de abril de 2017

A saga FUNDAÇÃO, de Isaac Asimov, ou "Star Wars, eu sou seu pai!"



Por EDUARDO CRUZ







Todo leitor, em alguma altura de sua vida acaba esbarrando em uma série literária, ou várias. Não é de hoje que autores, vendo a proporção que suas histórias tomam ao deitá-las no papel, resolvem dividir suas criações em mais de um volume. Trilogias, quadrilogias, decalogias.... existem séries literárias de todos os tamanhos possíveis, para todos os gostos possíveis. De Duna a Jogos Vorazes, de O Senhor dos Anéis a Harry Potter, de Game of Thrones a Percy Jackson, de Divergente a Cinqüenta Tons de Cinza.
E, é claro, tem a saga Fundação.



Só pra vocês sentirem um pouco do peso dessa saga literária, Fundação ganhou o prêmio Hugo de melhor série de ficção científica e fantasia no ano de 1966. Então, sim, Fundação é incrivelmente relevante e incrivelmente BOM! E se vocês ainda não conhecem, façam um favor a si mesmos e leiam.

Façam como o Senhor Fantástico!

Escrita por Isaac Asimov e publicada originalmente em 8 partes entre 1942 e 1950 na revista Astounding Magazine, Fundação é inspirada no livro História do declínio e queda do Império Romano, de Edward Gibbon. A trama de Fundação é ambientada em um futuro tão distante que a humanidade, consolidada através do Império Galáctico, esqueceu suas raízes, e seu planeta de origem é um mistério perdido no passado. O Império Galáctico é uma orgulhosa e opulenta instituição composta de mais de um trilhão de seres humanos e espalhada por milhares de planetas em uma teia burocrático-administrativa nunca antes vista. Entretanto, no planeta sede do Império, Trantor, surge Hari Seldon, um matemático que desenvolveu uma ciência conhecida como Psico-história.


Com a Psico-história, um misto de matemática e sociologia, Seldon é capaz de prever os movimentos futuros dos povos, e decreta que o Império Galáctico entrará em colapso dali a 200 anos, jogando toda a humanidade em um período de barbárie, uma Era das Trevas que não seria inferior a 10.000 anos! Afrontando o Império com tal declaração, Seldon corre o risco de ser preso – ou pior ainda, executado! – por traição. No entanto, Seldon, Além de demonstrar o problema, ainda oferece uma solução: Uma enciclopédia (a Enciclopédia Galáctica do Guia do Mochileiro das Galáxias? Tá estabelecida aí a conexão Isaac Asimov / Douglas Adams hehehehehehe) compilando todo o conhecimento necessário para que a humanidade possa se reerguer e restaurar sua antiga glória em no máximo mil anos.

Trantor, planeta sede do Império Galáctico

Ainda afrontados com a audácia de Seldon em duvidar do poderio e infalibilidade imperiais, mas temerosos com o que uma possível execução faria nos ânimos da população, o Império opta por uma espécie de pena alternativa: que Seldon e sua equipe passem o restante de seus dias no ermo planeta Terminus, situado nos confins da galáxia, trabalhando em sua Fundação, compilando a tal enciclopédia. O Império ainda não está totalmente convencido quanto às previsões de Seldon, e ao bani-lo para realizar sua tarefa nos confins da galáxia, pensaram que isso bastaria para não mais precisarem se preocupar com o declínio do Império. No entanto, Seldon também já havia calculado essa possibilidade. Na verdade, percebemos que Seldon, com sua Psico-história estava muitos passos à frente de qualquer coisa que pudessem ter preparado para varrê-lo para baixo do tapete. E aí, meus amigos, nós vemos que a Saga (com “S” maiúsculo mesmo!) está só no início...

Hari Seldon, criador da psico-história

É a partir daí que as coisas ficam bastante interessantes, porque apesar do forte contexto Sci-Fi arraigado na trama, Fundação se destaca muito mais como um livro de relações políticas e relações / interações humanas. O contexto sociológico, de civilização à beira do colapso, está mais atual do que nunca, e depois de entregue toda a premissa que já descrevi acima, o que resta para sustentar Fundação (sem trocadilho rs) são essas relações políticas, situações delicadas, frágeis equilíbrios, alianças forjadas, inimizades declaradas, intrigas, rebeliões, insurreições, traições... E o mais interessante de tudo, ainda nos primeiros livros: as soluções de Hari Seldon para resolver vários impasses políticos decorrentes dessa deterioração do Império Galáctico, muitas vezes solucionando as crises anos depois de seu falecimento! Como ele faz isso? Ora, usando a Psico-história! Os detalhes? Bom, vocês vão ter que ler para descobrir heheheh. O que prende o leitor são os problemas e ameaças, previstas ou não, que surgem pelo caminho e como a Fundação os resolve, com ou sem o auxílio de Seldon.



O que faz de Fundação uma das sagas literárias mais grandiosas já estruturadas por um autor é, acima de tudo, a grandiosidade: Asimov cobre períodos imensos de tempo para contar essa história, pulando algumas gerações de um capítulo para outro, ou até mesmo retrocedendo alguns séculos, até as origens da Psico-história, com Hari Seldon ainda vivo, isso tudo com apenas um objetivo: sempre acompanhar o real protagonista da história: a civilização humana e sua continuidade, e sua resiliência em afirmar e manter seu lugar no Universo. 

 
Asimov conseguiu, através de Fundação, consolidar quase toda a sua obra em um único universo, dando uma aula de criação de universo compartilhado aos estúdios de Hollywood. Mais do que os sete volumes da saga Fundação, vemos indícios desse universo consolidado em Pedra no Céu, Eu, Robô e até mesmo na trilogia robótica, formada por As cavernas de Aço, O Sol Desvelado e Os Robôs da Alvorada. Inclusive, se tiver coragem de selecionar o trecho em branco abaixo, aqui vai um spoiler para vocês terem uma idéia de como tudo está bem amarrado no “Asimoverso”:

O robô-detetive R. Daneel Olivaw, co-protagonista da trilogia robótica aparece em Fundação e Terra, em um papel enorme, sendo ele nada menos que o responsável pelos rumos da humanidade, do Império Galáctico, de TUDO. O robô, com 20.000 anos de existência, tem dado uma mãozinha para a humanidade todo esse tempo, sempre fiel às 3 leis da robótica.

Não disse que o bagulho era grandioso???






E COMO LER A SAGA DA FUNDAÇÃO???


Descobrir a ordem correta de leitura da saga Fundação era algo bem complicado aqui no Brasil, até que a Aleph, editora com um catálogo impressionante de obras de Ficção Científica (ou Ficção Especulativa, se preferirem;>)) botou ordem na casa e publicou todos os sete volumes. Qualquer que seja a ordem que se decida ler esses livros, a única obrigatoriedade é ler os três primeiros livros: 

Fundação (1951), Fundação e Império (1952) e Segunda Fundação (1953). Esses são fundamentais para contextualizar a história. A partir daí, pode-se partir para a leitura de Limites da Fundação (1981) e Fundação e Terra (1986), ou então seguir direto para Prelúdio à Fundação (1988) e Origens da Fundação (1993).

Essa é a trilogia original...

Limites da Fundação (1981) e Fundação e Terra (1986) podem ser lidos logo após a trilogia original, pelo fato de esses dois livros formarem de um novo arco de história envolvendo a Fundação, e cronologicamente ambientados após a trilogia original, sem saltos temporais, e com apenas um protagonista, Golan Trevize, um conselheiro de Terminus. Os dois livros contém tudo que se espera de Asimov: cenários grandiosos, uma história complexa, personagens interessantes, reviravoltas na trama e muito mais do extenso universo de Fundação.

... E mais quatro livros, escritos posteriormente, que formam a heptalogia (ou a Saga Fundação)

Prelúdio à Fundação (1988) e Origens da Fundação (1993) formam juntos um prelúdio da trilogia original, e focam em Hari Seldon e o desenvolvimento de sua Psico-história. Ou sejE, você pode seguir por qualquer uma dessas ordens de leitura, contanto que obrigatoriamente leia a trilogia Fundação (1951), Fundação e Império (1952) e Segunda Fundação (1953) antes de tudo. Obrigado. De nada ;>).

Sequência em cima, prelúdio embaixo. Escolha o seu caminho em fundação!

Na primeira vez em que li Fundação, tive uma impressão muito forte de que essa saga influenciou muita coisa que vi por aí, mas a ambientação espacial, o clima de intrigas e confrontos e sobretudo a semelhança dos nomes de muitos personagens (Hober Malow, Salvor Hardin, Bel Riose, Lathan Devers, Han Pritcher - HAN, MEU DEUS DO CÉU!!! HAN!!! -, Pelleas Anthor, Lorde Stettin...) com os de Star Wars faz com que seja fácil acreditar na possibilidade de que George Lucas, provavelmente influenciado por leituras de sua juventude (além de Fundação, uma pitada de Duna e Senhor dos Anéis, entre muitas outras influências na Space Opera de Lucas) para criar seu próprio universo cinematográfico. Foi uma impressão pessoal minha, e achei muito legal essa possibilidade de Fundação estar por aí, mais entranhado na cultura pop do que percebemos a princípio. Mais subsídios pra essa tretinha aqui, aqui e aqui ;>).

Fundação é, sem dúvida, o trabalho mais ambicioso da carreira de Asimov, que foi bastante cuidadoso em fazer conexões com vários outros livros de sua extensa bibliografia. Uma história muito inteligente, bem engendrada e poderosa, onde nos damos conta que o que o ser humano criou de mais precioso, a prerrogativa de onde se originam as artes, as relações sociais, as leis e tudo mais que justifique nossa espécie é a Civilização.

Vocês só se impressionam com GoT porque nunca leram Fundação rs...



sábado, 22 de abril de 2017

DOSSIÊ PLANETA DOS MACACOS


Por RICARDO CAVALCANTI

Depois da empolgação gerada a partir da leitura (e resenha!) do livro O Planeta dos Macacos, a equipe do Zona Negativa resolveu fazer um apanhado com tudo que já saiu de melhor e de pior da franquia. Viramos várias noites, munidos de litros de café e energéticos para nos mantermos acordados, atentos aos detalhes de cada obra. Sob a supervisão do Macaco Tião, nosso candidato a prefeito da cidade do Rio de Janeiro em 1988, apresentamos para vocês, o Dossiê Planeta dos Macacos.

Se o prefeito mandou, a gente obedece.

O documento está atualmente classificado como altamente confidencial, mas nossos repórteres investigativos conseguiram acesso, negociando carregamento de cachos de banana, além de assumirem o compromisso de construir uma via expressa de cipó, em local ainda a ser definido. Aproveite a leitura, antes que gorilas superinteligentes, treinados nas mais refinadas técnicas de tortura, apareçam por aqui na redação e nos façam seus prisioneiros.



Poucas obras vindas diretamente de livros tiveram uma carreira tão longa quanto O Planeta dos Macacos. Tivemos filmes, games, series, desenhos, além de uma galera oportunista surfando na onda da moda estabelecida pela franquia. Tudo se inicia com o lançamento do livro O Planeta dos Macacos em 1963, pelo autor francês Pierre Boulle. Diante do sucesso do livro, Hollywood resolveu capitalizar em cima da obra.



Em 1969 estréia a adaptação estrelada por Charlton Heston (com o poster com o maior spoiler da história do cinema), antes de ele se transformar naquele carinha nada amigável que conhecemos no documentário Tiros em Columbine, de Michael Moore. Além dele, estava também no elenco o ator Roddy McDowall, o Dr Peter Vincent do filme A Hora do Espanto que vale, o de 1985. 


O astronauta Taylor cai no planeta se comporta como uma criança mimada. Xinga, briga, corre, se esperneia, chama os macacos de... MACACOS! Confesso que quando eu era criança, parecia muito divertido viver naquela realidade em que os macacos falavam. O filme é bastante conhecido e respeitado, mas a interpretação canastrona do Charlton Heston chega a ser caricata.

Como ela teve coragem de beijar esse cara???

O filme fez um enorme sucesso e, com isso, obviamente viriam as continuações.
Em De Volta ao Planeta dos Macacos, um novo astronauta chega numa nave à procura do Capitão Taylor. Para o papel, chamam um Charlton Heston genérico (desconhecido pela equipe do Zona Negativa, que preferiu continuar assim). Nesse filme, é a primeira vez que é dito que macaco não mata macaco.




Charlton Heston fazendo o truque dos espelhos, estando em dois lugares ao mesmo tempo

Logo no início, temos a prova de que alguns desses macacos não são tão evoluídos e inteligentes assim, pois pregam um discurso rasteiro - além de outras barbaridades - de que humano bom é humano morto (eu ia inserir uma foto ou um comentário aqui, mas acho que dá para entender a referência, não é?). Taylor aparece em dois momentos: no início e no final do filme. Em ambos, perfeitamente barbeado. Mas esse é o menor dos problemas desse filme. Em poucos minutos, a história descarrila de maneira tão surreal, que você fica se perguntando o que eles pretendiam com tanta loucura. Uns personagens sem sentido; uns acontecimentos nada a ver; além de uns efeitos especiais dignos de um episódio do Chapolin.


Com cenas longas e intermináveis, o filme parece uma longa sessão de tortura chinesa. Poderiam ser cortados uns 40 minutos que não iria fazer a menor diferença. Não existiria o risco de ficar uma história sem sentido, pois ela já estava assim. Pelo menos todo mundo morre no final (não reclame de spoiler. Estou te fazendo um favor). 

Com as expectativas abaixo da linha da tolerável, encarei o próximo filme. A Fuga do Planeta dos Macacos.



Respirei fundo, prendi a respiração para me preparar e apertei o play. Vou te falar... Me surpreendeu positivamente. Saiu aquela pataquada do filme anterior e entra em alguns pontos do livro, invertendo os papeis de humanos e macacos, já que dessa vez, são os símios que chegam numa nave.


A explicação dada para a evolução dos macacos é muito interessante. Não vou contar para não estragar sua experiência, mas envolve a extinção de animais de estimação. Por pelo menos três vezes durante o filme, vibrei com o desenrolar da história. Em um desses momentos, empolga ver que a produção de O Planeta dos Macacos: A Origem, faz uma referência a esse filme.
Com ânimos renovados, fui mais confiante para assistir A Conquista do Planeta dos Macacos. 


O filme se passa alguns anos no futuro, quando os macacos são usados como animais de estimação e todos os homens só usam gola rolê.


Fazem uma interessante analogia com a escravidão com o tráfico e comercialização dos macacos, dando uma profundidade e uma discussão política consistente.

"- Parece que o nosso amigo não é tão inteligente assim.
- Não, se levarmos em conta que a inteligência nunca foi permitida a escravos.
- Ora, não seja tão sensível, Sr MacDonald. Todos nós já fomos escravos num sentido ou no outro da palavra."

Só faltou dizer que escravidão era mimimi.



Mesmo não sendo tão impactante quanto o filme anterior, este está certamente entre os melhores da franquia (na minha opinião, é claro). Só lembrando que foram feitos cinco filmes da franquia em apenas seis anos. Vamos ao próximo: A Batalha Pelo Planeta dos Macacos. 


 
  
Voltam as histórias de Caesar, e voltam também os humanos com gola rolê (fora alguns, que já são escravizados). Depois de dois filmes bem decentes, logo se percebe que as boas idéias haviam acabado. Pelo menos, no final, quando Caesar grita “LUTEM COMO MACACOS!”, foi engraçado imaginar ver a cena acelerada e transformar numa produção digna de um filme dos Trapalhões.


Depois de tantos filmes, o assunto já estavam cansando. Então, qual a melhor ideia nesse caso? Engavetar a franquia e pensar em outras coisas? Claro que não! O melhor a fazer é: MAIS MACACOS!!! Resolveram transformar numa série e contar tudo novamente. Assim como nos filmes, Roddy McDowall volta fazendo o papel de mais um macaco. Ele era uma espécie de Andy Serkis para a franquia.


Mais uma vez astronautas vindos da terra acabam caindo num planeta dominado por símios. A série já começa com uma grande contradição em relação aos filmes: existem cães! Além disso, todos os humanos falam normalmente e chegam a interagir com os símios. Os diálogos da série são embaraçosos e constrangedores, requentando as histórias já contadas nos filmes. Graças a Caesar, foi cancelada na metade, com apenas 14 episódios. Se quiser se aventurar assistindo, tem a série completa na internet. Assista por sua conta e risco.


Agora sim já deu, né? Nada disso! Toma mais macacos!!
Agora é hora de fazer uma animação usando outros personagens vindos do espaço e caindo num mundo cheio de macacos (que original!). O pior de tudo é que usaram como base, o pior filme de todos, o segundo (que deveria ter sido esquecido). A personagem Nova, que é uma nativa selvagem desse mundo, deve ter algum imã que atrai gente de outro planeta. Foi assim no livro, no primeiro filme, no segundo filme e no desenho. A animação é bem tosca se você olhar hoje em dia. Mas na a época... na época era só meio tosca.



É claro que atrelado a tudo isso, era necessário capitalizar de várias maneiras, lançando produtos licenciados envolvendo a franquia.

Uma lancheira com humanos sendo escravizados. É tudo que uma criança precisa.

Não! A criança precisa da jaula para humanos também.

É claro que nem tudo que saía era licenciado. Nesse sentido, não poderia faltar a versão japonesa. "Saru no Gundan" foi originalmente concebido como uma série, mas os japoneses ficaram de saco cheio antes do resto do mundo e acabou sendo cancelada.

Não sei vocês, mas eu só consigo ver uma Boy band
Vamos ali tocar uma moda de viola

O que fazer com a série cancelada? Vamos editar, redublar, transformar em filme e lançar no mercado americano. Uma forma de regurgitar carinhosamente a sua versão da obra. Para quem quiser se aventurar, tem o filme completo no youtube. Como sou uma pessoa caridosa, segue o filme aí para você conferir.

 
Só faltava ter Planeta dos Macacos em versão mangá,? Agora não falta mais!




E não tem como falar de macaco Japão e não mencionar o melhor macaco de todos os tempos. O único, o perfeito, o inigualável: Doutor Gori! Ao lado do gorila Karas, formavam a dupla de vilões mais estilosa, divertida e carismática de todo o universo. Quando eles apareciam, Spectreman virava um mero coadjuvante em sua própria série. Se eu já incluí o Dr. Gori em outros posts de forma gratuita, nesse que faz um certo sentido, eu não deixaria de colocar.


Na mesma época, saíram também alguns quadrinhos pela Marvel, usando toda mitologia criada até então (usando, inclusive, os acontecimentos do segundo filme). Não sei se é bom. Só li as figuras mesmo.


Os direitos sobre a produção para os quadrinhos é uma bagunça. Estou com preguiça de explicar tudo aqui. Mas para resumir: os direitos foram parar na BOOM! Studios. Mas nesse ano, o que vale mesmo é Lanterna Verde com Planeta dos Macacos. Não tem como não querer ter muito isso nas mãos.

Como dizer o quanto isso parece legal, mesmo que seja ruim?
Admita, essa arte ficou sensacional!!!

Obviamente, o Brasil não poderia ficar de fora dessa febre. Nas décadas de 70 e início de 80 – antes da contaminação com participações de Xuxa, Angélica, Supla, Dominó e etc. - os filmes dos Trapalhões costumavam ser paródias das produções americanas como: O Mágico de Oroz, Os Trapalhões na Guerra dos Planetas (pegando a onda dos filmes Star Wars, quando eram chamados de Guerra nas Estrelas por aqui), O Incrível Monstro Trapalhão, que se aproveitava do sucesso do filme do Superman e do seriado de TV do Hulk (que, por sinal, o primeiro episódio é melhor que todas, todas, TODAS as aparições do personagem fora dos quadrinhos). Nesse filme, o Didi tenta se transformar num Superman, mas acaba virando um Hulk genérico.


A produtora do Doutor Renato resolve, é claro, fazer a sua versão da franquia: O Trapalhão no Planalto dos Macacos. Didi, Dedé e Mussum (Zacarias não fazia arte do grupo ainda) sobem num balão e vão parar em outro planeta. Trash em sua essência e tosco até a tampa. Mas mesmo assim, bem divertido.


A nossa TV também foi influenciada, trazendo o programa O Planeta dos Homens, que tinha o macaco Sócrates que era interpretado pelo Fofão-Patropi, Orival Pessini. A abertura era uma mulher seminua dançando enquanto um macaco ficava olhando e descascando a banana (sutileza pra quê, né?).


Depois de tantos anos de exposição, finalmente resolveram deixar de lado os pobres macacos. Pra sempre? Claro que não. Em 2001 o superestimado diretor, digo, aclamado diretor Tim Burton, resolve dar a sua visão para o que poderia (e provavelmente se pretendia) ser o reinício da franquia. Escolheram como protagonista, o pseudo ator/cantor/dançarino e cosplay de Matt Damon nas horas vagas: Marky Mark.



Apesar de nomes como Tim Roth, Hellena Bohan Carter, Michael Clarke Duncan, Paul Giamatti, além da volta de Charlton Heston em um de seus últimos papéis, o filme não foi muito bem recebido. No fim das contas, as únicas coisas que foram realmente muito boas no filme, foram as maquiagens e a interpretação do Tim Roth como o General Thade. Pelo menos o final lembra um pouco o desfecho do livro. Eu falei que lembra, não disse que é igual nem que é bom...rs. Ainda tiveram a ousadia de falar Kali-ma no filme e ninguém ter o coração arrancado do peito. Um absurdo!!
A produção venceu o prêmio Framboesa de Ouro em três categorias: Pior Remake, Pior Atriz Coadjuvante e Pior Ator Coadjuvante (Charlton Heston). Todos merecidos.

Força General! Confiamos em você!

Pouco depois, foi lançado o game “Planet of The Apes”. O jogo não tem nenhuma ligação com o filme do Tim Burton, o que poderia ser uma coisa boa. Mas o game é ruim de forma independente. Duvida? Dê uma olhada e tente encontrar alguma reação no seu corpo que lhe dê vontade de jogar. A não ser, é claro, que você tenha um gosto especial para coisas ruins. Então, é um prato cheio.



Depois de um longo e tenebroso inverno, saiu da gaveta mais um filme que ninguém pediu. O Planeta dos Macacos: A Origem. Saem as maquiagens que demoravam horas para ficarem prontas e entra o festival de CGI, tendo como o macaco Cesar, o Presidente do Sindicato dos Atores de Captura de Movimentos: Andy Serkis.



No filme, James Franco (que por algum motivo se preocupava com as experiências realizadas nos macacos, mas não se incomodou muito em testar a droga que ele estava desenvolvendo no próprio pai) é um cientista que trabalha tentando encontrar a cura para o Alzheimer. Se você resolver acreditar que a indústria farmacêutica poderia realmente estar interessada em encontrar a cura para alguma doença, ao invés de arrumar meios de te tornar dependente de seus produtos tendo que usá-los por toda sua vida, o plot de pesquisa para a cura do Alzheimer pode funcionar. Mas o que estou dizendo? No filme tem até macaco que fala e eu reclamando disso... Vamos em frente!!

OK, mas ainda prefiro as maquiagens

Depois de Caesar arrumar uma confusão do barulho, acaba sendo deixado num abrigo coordenado pelo General Stryker e o Draco Malfoy. É claro que tinha tudo para dar errado... e deu!
Inexplicavelmente, quando os macacos se libertam, parece que os jornais também se livram de seus cativeiros, pois as ruas ficam completamente tomadas por suas folhas voadoras. Quem lê jornal hoje em dia? Vai ver que por isso eles estão fazendo bico de figuração em filmes de Hollywood.




Outra coisa que vocês podem reparar... quando os macacos sobem no teto de um bonde e fazem pose de badass, percebam o quanto a cena se encaixa perfeitamente algum filme de comédia. 



Vamos logo para o próximo filme: 


Em Planeta dos Macacos: o Confronto, Caesar continua estufando o peito e fazendo cara de mau (e eu continuo achando engraçado). Vai ver que por isso ele leva um tiro no peito (SPOILER)... Espera... acho que o aviso de spoiler deve vir antes, né? Agora já foi. Faz de conta que não viu...


O mundo sofreu com a propagação de um vírus que mata boa parte da população humana. Antes de continuar, me lembrei de uma coisa... (Costinha Mode On) O início do filme lembra Epidemia de 1995, com Dustin Hoffman e o onipresente Morgan Freeman. Caso a minha memória não esteja me traindo, era um filme muito bom... (Costinha Mode Off).


Para a produção escolheram uma família de protagonistas que possuem o carisma de uma porta. Um desses personagens aparece segurando uma HQ - a excelente Black Hole, de Charles Burns - e me importei mais com ela que com a família inteira. Nada mais justo que ignorar completamente a existência dessas pessoas.


Koba é o personagem mais denso do filme; dissimulado e manipulador quando necessário, seu ódio pelos humanos se justifica pelas marcas espalhadas pelo seu corpo. Você s devem conhecer quem interpreta o Koba. É o ator Toby Kebbel, daquele episódio do “grão” de Black Mirror.

 

O pequeno, mas eficaz, plano sequência que mostra, de cima de um tanque, os macacos avançando para o abrigo dos humanos é muito bem realizado. Apesar de eu sempre implicar um pouco com o excesso de CGI, essa cena foi realmente muito boa (não tenho as imagens, mas pode acreditar em mim).
Rolava uma rave, no melhor estilo Zion, quando os humanos são surpreendidos com os macacos invadindo o local. Gary Oldman (que era uma espécie de líder do acampamento) para resolver esse problema, deveria mandar trazer todo mundo.
 


Ignorando os clichês e as conveniências do roteiro, dá para aproveitar e se divertir bastante com o filme. Mais uma vez, a boa aceitação por parte do público garantiu o emprego de Andy Serkys... Neste ano teremos mais um filme da franquia: Planeta dos Macacos: A Guerra, que vai trazer Mickey Knox como um coronel que vai arrumar uma tremenda confusão com essa turminha que é um estouro.

 
Este seria o poster perfeito para o filme. Mas, infelizmente, não é.

Mas não acabou ainda... Vai ter o game baseado no filme também. Uma pena que ainda não sairam as imagens do jogo. A única coisa que queremos, é que seja um pouquinho melhor que o anterior.

Imagem aleatória, mas bem legal

Acompanhar toda a saga da franquia O Planeta dos Macacos foi muito divertido. Fazer essa maratona, acompanhando a ordem cronológica com que cada obra foi lançada, foi a cereja no bolo da diversão. De uma forma ou de outra, tudo vale a pena ser assistido. Muita coisa legal aconteceu nesses quase 50 anos da franquia. Mesmo o que não é tão bom, pelo menos é divertido.




O Zona Negativa aproveita para informar que nenhum macaco sofreu maus-tratos durante a confecção deste post. Os órgãos de proteção dos direitos dos animais estiveram supervisionando atentamente a cada um dos nossos movimentos.



Agora eu vou ali pegar minha fantasia de gorila que está guardada no fundo do baú, para me preparar para a dominação símia que se aproxima.