quinta-feira, 25 de outubro de 2018

O ARTISTA DA FACA, de Irvine Welsh, ou "Nosso sociopata escocês favorito está de volta! E reabilitado! Mas nem tanto..."







Por EDUARDO CRUZ


"Na argila ou em carne viva, meu talento era ferir pessoas."


Eu não sei vocês, mas de toda aquela turminha de Edimburgo que o Irvine Welsh vem contando histórias nesses últimos vinte e poucos anos, desde Trainspotting, Francis Begbie é o meu favorito! E Welsh já declarou que sente o mesmo. "É mais fácil escrever sobre um personagem interessante", afirmou o escritor em uma entrevista. O hooligan sociopata, com sua personalidade altamente instável e imprevisível, deve ser um personagem recompensador de se escrever, já que alguém assim tão perturbado pode gerar muitas possibilidades dentro de uma trama com suas interações e reações. Francis James "Franco" Begbie é um daqueles personagens que deve praticamente se escrever sozinho dentro de uma história. 

"- A expressão de June assume uma timidez de menina que ele acha grotesca. - "Vou te contar, June, eu não ficaria surpresa se você e Franco acabassem juntos de novo."
- Eu ficaria - diz Franco com brutalidade, pensando: ela é uma porra de simplória. Por que eu não vi isso antes? Provavelmente porque eu era também."


Irvine Welsh veste o traje ficcional para entrar na própria obra e vender supositórios de heroína a um de seus personagens na adaptação cinematográfica de Trainspotting.

A trajetória de Begbie como personagem é bem sólida. Ele pouco mudou ao longo de toda essa grande história da rapaziada do Leith que se iniciou em Trainspotting, sua continuação, Pornô, e no prequel Skagboys, além de um breve, porém divertidíssimo conto na coletânea Requentando Repolhos. Sempre o cara estourado, estivesse alcoolizado ou não, extremamente agressivo e imprevisível, Begbie era o psicótico da turma, o que sempre resolvia tudo na porrada, sendo o terror dos desafetos e em alguns momentos até mesmo dos próprios amigos. Qual não foi minha surpresa então, ao saber que Welsh havia escrito uma história que cronologicamente se passa após Pornô, quando o personagem termina atrás das grades, protagonizada por um Francis Begbie - aparentemente - reabilitado! Logo ele, aquele que a gente tanto ficou esperando para ver o caminhão do carma passando por cima! 

Francis Begbie foi imortalizado no cinema pelo ator Robert Carlyle.
"Em certa época, ele fez planos bem avançados de incendiar a casa vizinha, ocupada por Cha Morrison, sua antiga nêmese. Agora fica assombrado ao pensar ter se importado o suficiente com esse sujeito para considerar essa ação. Que grande crime Morrison cometeu contra ele, ou ele contra Morrison? Nada lhe vem à mente. Foi tudo papo que depois se intensificou, tornando-se uma sequência bizarra de ameaças e contra-ameaças. Tirando isso, não havia base nenhuma para a rivalidade dos dois. Eles fabricaram conjuntamente esse conflito para conferir drama à vida, imaginando-o na realidade brutal."

É uma experiência um tanto inquietante para os leitores de Trainspotting e companhia, eu incluso, quando em O Artista da Faca nos deparamos com um Francis Begbie reabilitado, amadurecido e até mesmo, pasmem, sadio! Mantendo seu sociopata interior sob controle, Begbie vive na Califórnia, casado com sua terapeuta dos tempos de prisão, pai de duas filhas e é um escultor bem sucedido. Sob o pseudônimo Jim Francis, Begbie produz bustos mutilados de celebridades, canalizando assim sua fúria de maneira construtiva. A vida é boa, até que dois acontecimentos abalam o mundo sossegado que jamais imaginaríamos ver Francis Begbie habitando: Dois homens estranhos e perigosos ameaçam a ele e sua família na Califórnia, enquanto na Escócia seu filho mais velho é assassinado. De volta a Edimburgo para o funeral, será que a antiga antiga personalidade de Begbie virá à tona? Seria essa uma história de vingança? Será que Frank Begbie realmente é um cara zen agora? Ou está só muito mais astuto e ardiloso?

"- Tudo bem, Frank? - pergunta Larry.
Segue-se então uma calmaria ameaçadora na energia, como na pista de dança de uma boate lotada, pouco antes de o DJ colocar aquela faixa que vai fazer a pista enlouquecer. E ele percebe que o DJ é ele. Todos esperam que ele coloque a música. Para lançar o punho ou a bota, ou jogar o corpo, ou dar a cabeçada, ou até o grito horripilante pelo salão, o que vai acender o lugar.
- Sempre dizem "escute sua reação instintiva" - diz Franco em voz baixa. - Se eu ouvisse meus instintos, nenhum puto nesta sala estaria respirando. - Ele sorri alegremente. - E isso não seria bom - acrescenta ele."
É bem bacana acompanhar o desenrolar dos acontecimentos a partir do momento em que Begbie pisa em sua cidade natal. Na trilha para desvendar a identidade do(s) assassino(s) de seu filho, fiquei o tempo todo na tensão, esperando pelo estopim que despertaria o Begbie dos velhos tempos. E acontece? Aí vocês têm que ler, não vou roubar de vocês a chance de ficarem estarrecidos como eu fiquei, afinal a arte pode reabilitar, mas não faz milagres hehehehe... Também é muito bom constatar que Welsh manteve sua pegada de sempre. Assim que soube do lançamento de O Artista da Faca, meu sentido de aranha logo gritou "Caça-níquel! Caça-níquel!", mas fico feliz em atestar que estava errado! Welsh mantêm aqui os diálogos espertos e corrosivos sobre a sociedade que caracterizam suas histórias desde sempre, além de avançar com a história de um de seus personagens mais marcantes, não poupando o leitor em alguns momentos pesados. A imprevisibilidade reina, acrescida da tal tensão que já comentei ali em cima, e lá pela metade do livro é que vem o soco no estômago. A trama vai num crescendo cheio de suspense e violência, mas com espaço para situações cômicas, o que não é novidade para quem acompanha a bibliografia de Welsh. Além disso, vislumbramos alguns flashbacks da infância e juventude de Begbie, onde ele reavalia sua amizade com Mark Renton e até onde a família teve influência na formação de nosso sociopata favorito.




Ah, e vocês devem estar se perguntando "Mais alguém da turma de Trainspotting chega a dar as caras?". Sem dar spoilers, aparece sim! A única pista que vou jogar aqui é que é um dos carinhas da foto abaixo. Em quem vocês apostam? rs. Ah, e não vou nem falar da aparição bombástica na última página! Quero continuação já!!!!


Boa parte da arte é embuste. Bravata. Pura pose. E não sou só eu afirmando. Muitos artistas, críticos e estudiosos reforçariam essa declaração. Em muitas situações a intenção do artista é interpretada erroneamente, propostas não são bem compreendidas e o que era para ser bem sucedido se torna um fracasso, ou vice versa, e porcarias inclassificáveis inexplicavelmente recebem status de alta cultura. Mas o que prevalece acima de qualquer questionamento é o poder reabilitador da arte frente à força quase imutável de nossas próprias naturezas, e o quanto somos predestinados a sermos como nossos próprios pais, motes centrais desta história de Welsh. Se até um cara como Francis Begbie pode reescrever a história de sua vida - mesmo que com argila e facas - qual é a sua desculpa?




"Eu era uma das pessoas mais fracas do planeta. Não tinha controle nenhum sobre meus impulsos mais sombrios. Portanto, eu era alimento constante pra prisão. Algum escroto linguarudo fazia merda, tinha de ser dizimado no ato e eu voltava pra cadeia. Assim, esses ninguéns tinham total controle sobre meu destino. Esta foi minha primeira grande revelação: eu era fraco porque não tinha controle de mim mesmo. Melanie tinha controle de si. Pra ficar com alguém igual a ela, pra ter uma vida livre, não num conjunto habitacional no limiar da pobreza, nem mesmo num subúrbio e estropiado por uma vida inteira de dívidas, eu precisava ter a mente livre. Tinha de ganhar controle sobre mim mesmo."


sábado, 20 de outubro de 2018

PROVIDENCE - VOLUME 2, de Alan Moore e Jacen Burrows. A PEREGRINAÇÃO DO ARAUTO CONTINUA!






Por EDUARDO CRUZ




Salve, salve crias da Grande Cabra Negra da Floresta! Tudo Cthulhu Fhtagn com vocês??? 

Já faz um tempinho, não é? Mais ou menos um ano e dois meses desde o lançamento do primeiro volume de Providence aqui no Brasil via Panini. A mini série, originalmente publicada lá fora em 12 partes, reúne dois monstros: Alan Moore e H. P. Lovecraft, e basicamente é onde vemos Moore viajando na maionese que Lovecraft criou. Altamente referencial, metalinguística e genial, Providence é uma HQ que eu tive que usar de muita força de vontade não apelar pras scans. Sim, até hoje não sei como acaba, e vou descobrir junto com vocês daqui a mais um ano e meio assim que o terceiro encadernado sair. Enquanto isso, que tal se a gente desse mais um passeio por Providence, observando as referências mais importantes desse segundo volume? Reenfatizando que não é preciso ter lido nada de H. P. Lovecraft para apreciar Providence, mãhs quem se dispuser a ler alguns dos contos citados no post do primeiro volume e nesse aqui também certamente vai se divertir muito mais com as as sacadas e referências da obra Lovecraftiana na HQ de Moore e como ele costura tudo junto em uma grande colcha de retalhos alienígena horrenda e repugnante. Sim, é bem mais divertido quando você já conhece o conto original, até para poder ter parâmetros para opinar se a homenagem do Moore foi bem feita (ou não). Então, sem mais delongas, partiu Providence Volume 2?



Este segundo volume de Providence engloba as edições #5, #6, #7 e #8 da mini série original.






PROVIDENCE #5



Nessa edição, sob orientação do patriarca dos Whateley, digo, Wheatley na última edição do encadernado anterior, Black se dirige à cidade de Arkham Manchester, mais precisamente à Universidade Miskatonic Santo Anselmo em busca do Necronomicon Livro de Hali. O bibliotecário da universidade, Doutor Armitage Wantage, encontra-se ausente, porém Black conhece Herbert West Hector North. 



Herbert West é oriundo do conto Herbert West: Reanimador, que gerou uma excelente adaptação cinematográfica em 1985 pelo diretor Stuart Gordon, não posso deixar de mencionar!




O conto originalmente foi publicado entre outubro de 1921 a junho 1922 na revista Home Brew, serializado em 6 partes. A história narra as desventuras de Herbert West e seu colega, estudantes de medicina que pesquisam um soro que revive os mortos, porém com consequências nefastas.

 

Na cena seguinte, Black conhece uma estranha menina que se apresenta como Asenath Waite Elspeth Waide. Elspeth (Asenath na história original) é uma personagem de A Coisa na Soleira da Porta, um dos melhores contos de Lovecraft. A história, sem estragar surpresas, é sobre de troca de corpos, e aquela menina não é definitivamente quem aparenta ser. O conto foi escrito em agosto de 1933 e publicado em janeiro de 1937 na revista Weird Tales, e faz parte dos Mythos de Cthulhu, os contos que formam a mitologia Lovecraftiana que compartilha elementos em comum entre suas histórias.


Em seguida vemos Black procurando por acomodações na cidade, e ele resolve se hospedar em uma casa aos cuidados de uma tal Senhora Macey. No conto Sonhos na Casa da Bruxa, escrito em 1932 e publicado em 1933 na revista Weird Tales, a personagem chama-se Keziah Mason, uma bruxa condenada no julgamentos de Salem do século XVII, que vive até os dias atuais residindo em uma dimensão estranha.


Junto com sua estranha criatura de estimação conhecida como Brown Jenkins, Keziah assombrou os sonhos do protagonista do conto pelo tempo em que este permaneceu em sua casa. Vemos que nesta edição o mesmo acontece com Black algumas páginas à frente.


Em seguida Black vai atrás da fazenda dos Gardners Forresters, onde o tal meteoro mencionado no encadernado anterior caiu. Como já comentado no post do volume anterior, aqui Moore resolve expandir um pouco mais sua referência/homenagem ao conto A Cor que Caiu do Espaço. Este conto é do ano de 1927 e foi publicado na revista Amazing Stories. Neste conto vemos a repugnante degeneração da família Gardner e toda a sua fazenda, após a queda de um estranho meteoro que se dissolve, metamorfoseando-se em uma cor viva, senciente, inclassificável no espectro cromático.... e faminta!





PROVIDENCE #6

Após o contato com a bizarra Senhora Macey e o repulsivo Sr. Jenkins, e ainda muito debilitado depois de experimentar o looping temporal desorientador, Black recorre a Hector North, em cuja casa passa a noite. Na manhã seguinte, após mais um breve encontro com Asenath, ela vai ao encontro de Wantage, mas antes conhece nos corredores da universidade um sujeitinho estranho e agitado, aparentando uma espécie de perturbação nervosa. É o professor Nathaniel Wingate Peaslee Nat Paisley, do conto A Sombra Vinda do Tempo, escrito em 1934 e publicado em 1936 na revista Astounding Stories. No conto, após sofrer de amnésia por cinco anos, o professor Peaslee começa a investigar seus estranhos sonhos e os relatos da estranha personalidade manifestada durante estes cinco anos de amnésia. As investigações o levam a descobrir as ruínas de uma civilização de estranhas criaturas no deserto australiano, que existiu muito antes do surgimento do homem, e como o que ocorreu com ele tem relação com essa descoberta.



Sem maiores referências nesta edição, somente o último contato de Black com Elspeth, no que deve ser a mais bizarra cena de estupro já concebida em uma HQ.







PROVIDENCE #7


Antes da referência Lovecraftiana, cabe aqui uma contextualização histórica: A baderna onde Black parece entrar do nada se trata da greve da Polícia de Boston de 1919. Em resumo, no dia 9 de setembro de 1919, quando o comissário de polícia da época se opôs a criação de um sindicato de policiais, 1.117 policiais iniciaram uma greve reinvindicando melhoras nos salários e nas condições de trabalho. Não tardaram a pipocar tumultos e o caos tomou conta. A guarda nacional foi acionada e sufocou as rebeliões a mando do governador do Estado. É em meio a este caos que black encontra o oficial de polícia Éamon O'Brien, que o ajuda a localizar a casa do fotógrafo e pintor Richard Upton Pickman Ronald Underwood Pitman, o responsável pela foto dos irmãos Whateley no encadernado anterior, lembram?


No conto O Modelo de Pickman, escrita em 1926 e publicada em 1927 na revista Weird Tales, o artista é rechaçado por suas obras, extremamente realistas e abomináveis, e ao final do conto descobrimos que as criaturas retratadas em suas pinturas podem não ser apenas fruto da imaginação de Pickman...


O Modelo de Pickman também já foi adaptado em um episódio da série Night Gallery, de Rod Serling (o mesmo criador da melhor série de todos os tempos, Além da Imaginação) em 1971.


 





PROVIDENCE #8

Por fim, na última edição do encadernado, vemos Robert, orientado por Pitman a procurar mais um indivíduo para auxiliá-lo em sua busca, Randolph Carter Randall Carver. Carter é um personagem recorrente nas histórias de Lovecraft, e figura em algumas histórias do que se convencionou chamar de Ciclo dos Sonhos entre os estudiosos da obra de Lovecraft. O Ciclo dos Sonhos são histórias que mesmo envolvendo os Mythos, combinam elementos de horror e Fantasia, formando uma grande história de escopo épico. Mundos oníricos por onde Carter consegue transitar, e narra os horrores e maravilhas que testemunha. A principal história do Ciclo dos Sonhos é A Busca Onírica por Kadath, novela escrita em 1926 e publicada em 1927. Aqui é o ponto onde muitos elementos da literatura Lovecraftiana se cruzam, como Azatoth, Nyartlathotep e o próprio Richard Upton Pickman, que fazem breves aparições na história. O quadro abaixo faz referência direta à Busca Onírica por Kadath.



Este painel, na página ao lado, é uma referência a uma cena do conto O Depoimento de Randolph Carter, escrito em 1919 e publicado em 1920, na revista The Vagrant. Neste conto Carter narra a ocasião em que acompanhou um amigo estudante de ocultismo até um cemitério abandonado. Este amigo decide profanar e investigar uma tumba antiga e macabra, levando um telefone com fio. Do lado de fora, pelo telefone, Carter ouve tudo que acontece dentro do sepulcro, narrado pelo amigo, até o pavoroso final, quando alguém mais fala ao telefone...



Mais abaixo, este quadro faz menção a outro conto protagonizado por Carter, O Inominável, escrito em 1923 e publicado em 1925 na revista Weird Tales. A história aqui se passa em outro cemitério, dessa vez em Arkham, envolvendo outro amigo muito ousado que também desafia o desconhecido e também se dá mal... Deu pra notar que Carter só tem amigos sem noção, tsc, tsc, tsc...




Neste painel, à esquerda, vemos Whipple Van Buren Philips, avô de H. P. Lovecraft na vida real. 




Philips é mencionado por Pitman na edição anterior, quando mostra a Black a foto dos cabeças da Stella Sapiente, lembram? 



Além disso ele também é mencionado como líder da Stella Sapiente em mais de um momento no encadernado anterior.


Providence #3

Providence #4

O militar de quem Van Buren aperta a mão é uma figura histórica, o General Albert Pike. Pike era um notório maçom e serviu na Guerra da Secessão Norte Americana.


General Albert Pike


Siiiiim, a partir daqui, Moore começa a misturar ficção e história real ainda mais. Podem ir se acostumando porque só piora lá no final da série heheheheh.....



Durante a descida ao Mundo Onírico vemos o ghoul Rei George saudando Black, o que sugere que ghouls transitam livremente entre nosso mundo e o Mundo Onírico. O que não deve ser novidade para quem já leu A Busca Onírica por Kadath.



Sim, é a Ku Klux Klan. Sem comentários aqui heheh. Segue pro próximo quadro...


O cenário da página seguinte faz referência a The Thing in The Moonlight, conto não publicado aqui, baseado em uma carta que descreve um sonho de Lovecraft, e publicada na revista Bizarre em 1941. O conto pode ser lido em inglês AQUI.



Abaixo, referência aos Gatos de Ulthar, também da novela A Busca Onírica por Kadath.


As próximas duas páginas são uma panorâmica das Terras Oníricas de Carter, digo, Carver.


Cenas de The Queen's Enemies, de 1922, conto de autoria de Lord Dunsany, uma das influências confessas de Lovecraft.




Cena de Why The Milkman Shudderes When He Perceives The Dawn, também de Lord Dunsany, publicado no livro de contos Tales of Wonder, em 1916. Na íntegra em inglês AQUI.



 
 
Os apêndices entre as edições, com trechos do diário de Robert Black, continuam não descendo muito bem, travando uma leitura que é fluída nas páginas da HQ, mas estaciona ao final de cada uma das quatro edições quando chega na hora de ler o famigerado diário. Tanto que decidi deixar os apêndices por último, após ler as quatro edições da HQ. O resultado é que levei quatro vezes mais tempo para ler os enfadonhos diários de Robert Black do que as páginas da história principal. Era pra ser um complemento à trama, mas acabou ficando chato pra cacete, seu Moore... Ainda assim sou obrigado a recomendar a leitura. Em meio a tantas redundâncias - afinal, Black comenta no diário eventos que vimos nas páginas anteriores, na HQ - existe um trecho ou outro que lança alguma luz à trama. Pena que é uma fração mínima das catorze páginas de diário contidas em cada edição heheheheh...




Apesar de esse não ser um post analisando profundamente cada referência contida em cada balão de fala do encadernado, resolvi agregar apenas as mais óbvias mesmo, nos moldes do post anterior, citando os contos de Lovecraft que, se lidos, só tem a enriquecer a experiência de leitura da HQ. Agora é esperar mais um ano pelo terceiro e último volume, com uma conclusão que não pode ser nada menos do que apocalíptica, em se tratando de Azatoth, Cthulhu e companhia! Vou dar uma esticada na minha casa de veraneio em R'lyeh e só volto com o alinhamento estelar certo e quando Providence Volume 3 finalmente for publicado. Iä! Iä!