quinta-feira, 12 de julho de 2018

AKIRA, de Katsuhiro Otomo, ou "O pós-apocalipse nuclear japonês reinventado sobre duas rodas"





                                                                                                           Por RAY JUNIOR



"Dia 6 de dezembro de 1982, às 14h:17, houve o lançamento de um novo modelo de bomba na região de Kanto, no sudeste do Japão. Nove horas depois a Terceira Guerra Mundial foi oficialmente declarada."

Criado por Katsuhiro Otomo, Akira é um dos marcos da ficção científica oriental e também uma enorme referência na cultura pop mundial. Obteve destaque no mercado ocidental, sendo publicado na Europa e depois nos EUA  pelo selo Epic Marvel, da Marvel Comics em 1988. Mas para que isso ocorresse, grandes mudanças foram feitas a partir do modelo japonês publicado pela Kodansha. No caso norte americano, o próprio Otomo recomendou o famoso colorista Steve Oliff, pioneiro em colorização digital que usou como base para as edições americanas a aquarela das primeiras páginas do mangá original. Ainda mais impactante que as cores, a inversão no modo de leitura, do oriental direita-para-esquerda para o ocidental esquerda-para-direita, também inverteu as páginas e as adaptações ficaram a cargo de Otomo e sua equipe. Tudo para facilitar a aceitação junto ao público leitor de quadrinhos norte americano, afinal os tempos eram outros e o mangá não tinha o peso e a popularidade que tem hoje mundialmente. Essa adaptação aos moldes americanos, que não era exclusiva daquela época, ainda é feita constantemente, principalmente no cinema e seriados de TV. Em dezembro de 1990, a editora Globo lançou o primeiro número de Akira no Brasil utilizando como base a edição da Marvel, em 68 páginas, formato americano, papel couchê e arte de capa própria, tendo sua conclusão em março de 1998 no número 38.




Capa da edição número 1 da Epic Marvel...


Sou muito mais a capa brazuca da primeira edição da Globo!
 
Comparativo entre as versões + uma das muitas cenas fodas de ação em alta velocidade
As onomatopéias também não ficaram de fora do cuidadoso processo de adaptação pro ocidente



Nascido em 1954 na província de Miyagi, Otomo cresceu em um período conturbado no Japão e essa vivência teve bastante influência em sua maior obra. A ocupação americana pós segunda guerra durou sete anos (1945-1952) e empreendeu diversas reformas políticas e sociais, incluindo uma nova constituição. Após esse período, veio a retomada da economia japonesa e das relações exteriores recuperando parte de sua soberania como nação, pois ainda sofria o veto de manutenção de forças militares, além de ter que pagar indenizações para os países vizinhos agredidos durante a guerra. Com o desenrolar da Guerra Fria, os EUA posicionam mais tropas no Japão e estimulam a perseguição aos comunistas e a criação de forças para autodefesa. Essas idéias foram bem-vindas pelos conservadores, mas causaram protestos e insatisfação das classes trabalhadoras, estudantis, comunistas e socialistas. Otomo cresceu nesses anos de revoltas e insatisfações contra o governo, em que um período de efervescência da Guerra Fria gerava o medo de um holocausto nuclear mundial, revivendo o recente trauma dos bombardeios a Hiroshima e Nagasaki na sociedade japonesa. 

Depois de ser admitido na ONU, renovar tratados com os EUA e pagar as indenizações aos países vizinhos, em 1964 as Olimpíadas de Tóquio representaram uma nova esperança para o povo japonês, com homenagens as vitimas do holocausto e  manifestações de apelo a paz mundial. Esse marcante evento influenciou Otomo em Akira, onde as Olimpíadas também são um símbolo de retomada da esperança para o povo de Neo-Tokyo após a detonação da bomba e da Terceira Guerra Mundial. 

A subcultura Bosozoku, centrada na pilotagem e personalização de motocicletas, onde seus integrantes eram em geral jovens com menos de vinte anos de idade (idade da maioridade legal no Japão) que pilotavam motocicletas personalizadas, muitas vezes sem capacete e se envolvendo em pilotagens arriscadas, fazendo barulho e atravessando sinais vermelhos, serviram como inspiração para Shotaro Kaneda e as demais gangues em Akira. Posteriormente, a estética de filmes americanos como Blade Runner, Videodrome, Laranja Mecânica e 2001: Uma Odisséia no Espaço também o inspiraram para compor a futurista Neo-Tokyo. 



Membros de gangues Bosozoku foram retratados em vários mangás/animes além de Akira


Brigas generalizadas entre gangues rivais eram comuns e portar bastões de beisebol, bandeiras ou espadas de madeira era necessário quando a porrada estancava .
Born to be Wild made in Japan
KANEEEDDAAAA!!??!!?

Trailer de Burst City (1982), do diretor Sogo Ishii

Crazy Thunder Road (1980), também de Sogo Ishii

No ano de 2019, 38 anos após o fim da terceira guerra mundial, a reconstruída Neo-Tokyo é o cenário onde a trama ocorre. Uma cidade caótica, violenta, dominada por megacorporações, militarizada, com um sistema educacional ineficiente que não se conecta com toda uma geração pós-guerra de jovens órfãos, que sem rumo e perspectivas decai para marginalidade formando gangues que dividem a cidade em territórios e tem na violência e nas corridas em alta velocidade as válvulas de escape para descontar suas frustrações e tédio cotidianos. Os personagens centrais, Shotaro Kaneda e Tetsuo Shima, amigos desde a infância, fazem parte da mesma gangue e estudam na mesma escola técnica. Em uma noite se envolvem em acidente ao avistarem uma criança de estranha aparência na estrada. Logo, o exército aparece e Tetsuo é levado em uma ambulância para local desconhecido. A estranha criança desaparece. Kaneda e seus amigos começam a investigar o que pode ter ocorrido depois que Tetsuo desaparece, reencontram a criança e se envolvem em um conflito entre membros de um grupo da resistência e o exército pela posse de Takashi, ou número 26, a estranha criança, que começa a exibir poderes psíquicos.

Ao cruzar com Kei e Ryu, da resistência, Kaneda começa a entender o que esta acontecendo, sobre quem é o Coronel e o projeto militar que utiliza crianças em experimentos para criação de super humanos do qual Tetsuo agora faz parte, colocando os amigos em rota de colisão.

Elemento sempre presente na trama, as cápsulas são tanto o símbolo da gangue de Kaneda e Tetsuo, que utilizam cápsulas do que parece ser anfetamina pra terem onda e alto desempenho, tanto como inibidores que de certa forma controlam a alta atividade cerebral e diminuem as fortes dores de cabeça que as crianças especiais apresentam, além de gerar o interesse dos dois grupos em Kaneda, depois que ele toma posse de uma dessas. Uma provável alusão à popularização e glamorização do consumo desenfreado de cocaína e esteróides nos anos 70 e 80, visando desenvolvimento de desempenhos além do limite humano.


Hora da balinha!

"God for health, Bad for education" (Reprodução: pinterest.com)


Superdosagem? Que se foda!



Dia difícil? Seus problemas acabaram! (Publicidade dos anos 70)

Antes mesmo da conclusão do mangá, em 1988 foi lançado o longa metragem com orçamento milionário e participação direta de Otomo nos roteiros e produção, sendo escrito um final diferente para o mangá anos depois. O filme revolucionou em termos de qualidade da animação, fazendo uso de 120 frames por segundo, gerando um hiper detalhismo inédito pra época, além de uma trilha sonora marcante. O filme foi exibido nos cinemas do Brasil e posteriormente sucesso nas videolocadoras (lembram delas?), e foi o primeiro contato de muita gente com a obra e animes em geral.

Um dos pôsteres do filme e o jovem Otomo na época do lançamento


VHS lançado no Brasil pela Europa Home Video (Reprodução: mercadolivre.com)


A volta do mangá para o Brasil pela JBC, sendo publicado no inédito formato original, deixou os fãs extasiados. A periodicidade foi comprometida devido a remasterização do material e longos processos de aprovação da edição nacional por parte da equipe de Otomo no Japão. Anunciado em 2015, o primeiro volume saiu em junho de 2017, enquanto o segundo já se encontra entre nós cerca de pouco mais de um ano depois. A coleção, que tem tratamento de luxo que o título merece, contará com 6 volumes, e todos estamos ansiosos pra ter isso completo por aqui. Se continuar nesse ritmo ainda vai demorar um tempão pouco, mas a espera certamente vai valer a pena.




Que lindeza!! <3
Otomo e a edição japonesa que é o padrão a ser seguido estritamente pelos licenciadores


Comemorando 30 anos do lançamento do filme agora em 2018, Akira é uma das obras mais influentes da ficção científica no multimídia, além de um dos principais expoentes do que viria a se tornar o subgênero cyberpunk. Inspirou grande parte dos mangás e animes produzidos nos anos 90 como Neon Genesis Evangelion, Ghost in the Shell, Bubblegum Crisis, Battle Angel Alita, Cowboy Bebop e pós anos 2000 como Blame e Psycho Pass. No cinema do ocidente, filmes como Matrix e a animação Animatrix, O Vingador do Futuro, Screamers, Poder Sem Limites, Destino Especial  e séries como Stranger Things e Altered Carbon.
Notícias sobre a adaptação de um live action de Akira para as telonas são comuns desde meados dos anos 2000 quando a Warner adquiriu os direitos, mas como nunca chegou a ir pra frente, o filme virou uma espécie de lenda urbana. Inúmeros diretores, roteiristas e produtores manifestaram interesse em adaptar a obra, mais recentemente o diretor Taika Watiti, declarando publicamente que faria uma adaptação direta dos mangás, mas ainda não se sabe ao certo se um projeto está realmente em andamento.

Taika Watiti, o nome da vez?? ( Reprodução: ovicio.com.br )

Sendo uma atração a parte, a memorável trilha sonora de Akira, feita por Geinoh Yamashirogumi serviu como base para o artista Bwana lançar um album chamado "Capsule's Pride" lançado em 2016. Partes da trilha, diálogos, ruídos e efeitos foram extraídos e reciclados de forma bem inteligente, recontando de forma linear os eventos passados na animação. Vale conferir, o resultado ficou excelente!



Uma coisa é certa, tanto o anime quanto o mangá são uma incrível experiência estética aliada a uma narrativa que é diferente em cada mídia e mesmo assim obtém bons resultados, cada um funcionando, e muito bem, à sua maneira. Algo que pouco se vê nos dias de hoje, com adaptações cada vez mais problemáticas, mesmo quando os próprios criadores da obra original estão envolvidos. Além de manter-se como uma história de vanguarda, a obra prima de Otomo ainda previu as Olimpíadas de Tóquio de 2020 trinta anos antes! Só espero que as previsões parem por aí, porque as coisas podem não acabar muito bem se tudo se realizar ao pé da letra...

(Reprodução: complexogeek.com)

terça-feira, 3 de julho de 2018

O CORVO, de James O'Barr: Neogótico em alta fervura!






Por EDUARDO CRUZ


"Se as pessoas que amamos são roubadas de nós, o jeito de mantê-las vivas é continuar amando-as. Os prédios queimam, as pessoas morrem, mas o amor verdadeiro é para sempre."



E eis que assim, meio que de repente, finalmente sai no Brasil um clássico das HQs independentes: O Corvo, de James O'Barr! Essa HQ, originalmente publicada em 1989 lá fora, e após algumas tentativas malfadadas de outras editoras para publicação aqui no Brasil, finalmente ganha uma edição definitiva peloo selo Darkside Graphic Novel, da Darkside Books, com introdução do próprio autor e 30 páginas extras que, como O'Barr explica na introdução, simplesmente não possuía a perícia técnica para fazê-las como ele queria na época. O Corvo é mais um daqueles gibis essenciais, uma verdadeira injeção de ânimo em termos de quadrinhos autorais, em uma época em que os autorais ainda eram relegados ao underground, e por que não dizer, uma das obras que ajudou a elevar o nível - e muito! - nesse segmento das HQs autorais.


Calma! Não me enganei e tirei foto da HQ errada não!
Os anos 80 foram assim mesmo, amiguinhos...

Mas do que trata o enredo desse clássico das HQs independentes? O Corvo narra a vingança além-túmulo empreendida por Eric Draven, um jovem assassinado por uma gangue de criminosos viciados, tão perversos que beiram o caricato, não fosse a crueldade desmedida que cada um deles é capaz de executar. Draven é morto, mas antes presencia a gangue violentando sua noiva Shelly, para, por fim também acabarem com a vida da moça. Tempos depois, Draven está de volta do mundo dos mortos, guiado por um misterioso corvo, e em busca de vingança. Draven assume uma pintura de guerra baseado nas máscaras teatrais gregas da comédia e tragédia e começa seu acerto de contas, no melhor estilo John Woo, com muitas balas, facadas e golpes de katana, matando membro por membro da gangue de marginais, num crescendo de violência que culmina no cabeça da gangue, T-Bird. Tudo isso embebido em um clima gótico, com direito a citações a torto e à direito de letras de bandas de pós-punk e autores como Baudelaire e Rimbaud. Então, antes de começar a leitura, sugiro que vocês coloquem sua playlist de Darkwave para rolar, a melhor ambientação possível para esse gibi.








 "Eric grita e grita e bate a cabeça contra a parede
até que sirenes fantasmas cruzam sua visão.
Tudo que ele quer é dor.
Dor e ódio
Sim, o ódio.
Mas nunca o medo. O medo é para o inimigo.
O medo e os tiros."




"Tive a esperança de que, se botasse toda a minha fúria assassina no nanquim e no papel, de algum jeito, por mágica, toda a dor, toda mágoa e toda tendência autodestrutiva que se seguiu iam virar fumaça."

James O'Barr
A premissa básica parece um tanto simplória e meio batida, mas como toda obra de arte que vale a pena ser analisada e apreciada, O Corvo nasceu de um bocado de dor e sofrimento. Na introdução escrita por O'Barr nesta edição da Darkside Books, ele explica que a idéia da HQ surgiu de uma tragédia pessoal que o assombrou por muito tempo: Quando jovem, ele pediu carona a uma namorada, que acabou morrendo atropelada por um motorista bêbado antes de encontrá-lo. Atormentado por dor, culpa, mágoa, e pensamentos autodestrutivos, produzir esse gibi foi a maneira de O'Barr se purgar de todo o sofrimento e desespero da perda. Além, é claro, da culpa esmagadora... Para mim, essa história pessoal por trás da HQ justifica toda a ultraviolência contida na história. A maneira que Eric Draven se porta, tanto na HQ como no filme, com todo aquele deboche e jocosidade, como se para disfarçar toda a imensurável dor de ser ceifado antes da hora e de forma injusta e seguir em frente, reflete a dor de O'Barr ali, estampada em cada página. Nas palavras de Nietzsche: "A arte existe para que a verdade não nos destrua", e O Corvo é um bom exemplo da validade dessa citação.



Em 1994, O Corvo ganhou uma adaptação cinematográfica, que em minha opinião, é pouco lembrada e bastante subestimada. Dirigido pelo cineasta australiano Alex Proyas (do também subestimado Cidade das Sombras, que na época infelizmente foi ofuscado pelo de tema similar, porém muito mais pirotécnico Matrix), esse filme foi minha semi obsessão na época de seu lançamento, tanto pela história quanto pelo trágico acidente ocorrido durante a produção: O protagonista, interpretado por Brandon Lee, filho da lenda viva Bruce Lee, morreu durante as filmagens do longa metragem, alvejado por uma arma de festim mal regulada. Sim, também acho que foi tão estranho quanto o que aconteceu com o próprio Bruce Lee, o que me fez pensar a vida inteira se a maldição dos Lee não seria real. 

Brandon Lee (01/02/1965 - 31/03/1993)
Ao rever o filme para escrever essa resenha, já com a leitura da HQ fresca na memória, dá pra perceber o quanto O Corvo foi um filme importante nessa trajetória das adaptações de histórias em quadrinhos para cinema e merece ser mencionado com mais frequência. Bastante fiel ao plot da HQ, não há demonstrações ostensivas de que se tratava de uma adaptação de quadrinhos. Muitos diretores entendiam erroneamente, em uma era pré Marvel Studios - salvo pouquíssimas exceções, como esta - que um filme oriundo de uma HQ não precisava de seriedade nem carga dramática. Aqui não há situações que desprezam a inteligência da audiência. Os efeitos especiais são datados, afinal já fazem 24 aninhos, né? E, mesmo assim, isso não compromete o filme de forma alguma.  Apenas um filme honesto, contando uma história da melhor maneira possível. E foi o que bastou. Uma pérola cult, que inclusive consegue fluir melhor que a própria HQ em vários momentos. Tudo com as bênçãos de O'Barr, que também assina o roteiro da adaptação.



O filme conserva todo o clima dark de tristeza e violência oriundos da HQ, além de ser visualmente belíssimo, com recursos que a mídia cinema pode criar de uma forma única: Enquadramentos fora do convencional; sets riquíssimos em detalhes, compondo uma cidade suja, escura e desolada que faria Gotham City parecer a Barra da Tijuca; uma estética neogótica que permeia o filme do começo ao fim e que em vários momentos cria cenas de beleza soturna na tela. Ah, e uma trilha sonora fabulosa, composta por nomes como The Cure, Nine Inch Nails, Rage Against The Machine e The Jesus And Mary Chain. Numa época em que a gente ainda frequentava lojas de discos e consumia música por meio de suporte material, a trilha sonora do O Corvo era um dos CDs mais disputados lá por 1995, 1996...

Uma das trilhas sonoras mais cobiçadas dos anos 90...

Voltando à HQ, uma curiosidade é que a arte é totalmente à mão, apenas lápis, nanquim e retículas para fazer os tons de cinza. Algo cada vez mais raro nos dias de hoje, em que muitos artistas já possuem seus portfólios totalmente em suporte digital. O Corvo é uma HQ 100% artesanal, com um pé no fanzine, sem computadores em nenhuma etapa de sua feitura. O traço de O'Barr é preciso e detalhista, algo entre Vince Locke e Michael Zulli, para fins de comparação. Retratando a cidade  suja e violenta, como não poderia deixar de ser. Mas esse traço sujo e rascante tem como contraponto algumas sequências oníricas, um simbolismo típico de sonhos, onde Eric observa um cavalo preso em arame farpado, sem nada poder fazer para salvá-lo, uma poderosa metáfora para a impotência frente à tragédia, tanto de Eric quanto do próprio James. Nessas sequências o traço é suavizado, quase como uma aguada em tons de cinza, porém a suavização só ocorre em nível visual mesmo. A angústia, melancolia e tristeza permanecem presentes ao longo de cada página, e nem sempre sutil. Quem já ouviu Joy Division conhece a sensação...


Uma história sobre a aceitação da inevitabilidade da morte e sobre o perdoar a si próprio, O Corvo é um daqueles trabalhos viscerais, feito não só com as mãos, mas com muito coração e alma. Pode conferir, está tudo no papel...