quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

ESPÍRITOS DOS MORTOS, de Edgar Allan Poe + Richard Corben, ou "Dois mestres, um só horror atemporal!"






Por EDUARDO CRUZ



Edgar Allan Poe.


Esse cidadão dispensa apresentações. O escritor que inventou o formato dos contos como os conhecemos agora, autor de clássicos como Os Assassinatos da Rua Morgue, O Barril de Amontillado, O Coração Delator, O Gato Preto, O Poço e o Pêndulo, e do poema O Corvo. Um dos maiores escritores de prosa curta de todos os tempos. Um expoente do horror, inspiração de gente como H. P. Lovecraft. Referência da literatura universal. 

Richard Corben.
Falar desse aqui também é chover no molhado. Outro mestre. Um artista que ajudou a dar um rumo e uma cara para a revista Heavy Metal, referencial em quadrinhos de ficção científica e fantasia há mais de 40 anos, além de ter trabalhado nas revistas Creepy e da Eerie, duas das mais famosas HQs de horror de todos os tempos. Ganhou tantos prêmios ao longo de sua carreira que deve usá-los como peso de papel, encosto de porta, etc. Dono de um traço ÚNICO, que como eu já disse aqui nesse post, com ele é "Ame-o ou odeie-o!".



Corben, ao que parece, tem uma obsessão com a obra de Poe (quem nunca?), tendo adaptado vários contos de seu ídolo em diversos momentos de sua carreira, espalhados por várias editoras. Por fim a editora Dark Horse - a casa do Hellboy - publicou uma coletânea com alguns destes contos em 2014, essa mesma que a Editora Mino lança aqui no Brasil. Espíritos dos Mortos tem 216 páginas, capa dura, papel couché e traz 14 adaptações de contos e poemas de Poe por Corben, com a temática central de Edgar Allan Poe: Morte, loucura, miséria e perda. Existem sim, licenças e modificações, todas muito pontuais e compreensíveis. Afinal, na transposição de mídias, da prosa para a história em quadrinhos, adaptações se fazem necessárias. Mas nada que manche o legado de Poe. Corben fez tudo com muito afinco, e acima de tudo, respeito. Quer dizer, exceto pelo fato de haver uma cota de mulher pelada que não era comum nas histórias do Poe, mas isso fica por conta desse "vício" do Corben hahahahahah.




 Ainda em relação à arte, percebe-se a progressão do trabalho de Corben. As histórias mais recentes têm uma arte mais polida, detalhada e com cores mais apuradas, o que só ajudou a ressaltar o trabalho de Poe, como se em algum momento Corben tivesse relaxado e se soltado, e isso fez tudo fluir muito melhor.



Essa edição ainda conta com uma galeria de capas originais e um prefácio assinado por M. Thomas Inge, uma autoridade na obra de Edgar Allan Poe e em Graphic Novels, onde ele discorre um pouco a respeito das adaptações de contos de Edgar Allan Poe para os quadrinhos nas últimas décadas. 







Um puta gibizaço, com todo o acabamento luxuoso que uma obra desse calibre merece, com dois artistas dessa magnitude, trabalhando em colaboração, mesmo que separados por mais de um século. Uma coletânea que agrada tanto os fãs de Poe quanto os fãs de Corben. Não é difícil entender o por quê de eu dizer com 500% de certeza que Espíritos dos Mortos foi um dos melhores lançamentos em terras tupiniquins no ano de 2017 tão logo eu tirei a HQ do plástico. Entrou fácil no meu top 10 de 2017. Façam um favor a vocês mesmos e incluam Espíritos dos Mortos nos seus top 10 de 2018, se vocês deixaram esse passar...




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