domingo, 24 de junho de 2018

MESSIAS DE DUNA, de Frank Herbert, ou "A especiaria tem que fluir!"





Por EDUARDO CRUZ



“Fazendo uma estimativa conservadora, matei sessenta e um bilhões, esterilizei noventa planetas, desmoralizei completamente outros quinhentos. Eliminei os seguidores de quarenta religiões que existiam.”


Dando continuidade à grande Saga (com "S" maiúsculo mesmo!) de Duna, recebemos o exemplar do segundo volume, Messias de Duna, e como a especiaria precisa continuar fluindo, estamos de volta para continuar a análise dessa epopéia cósmico-feudal-messiânico-futurista aqui na Zona Negativa! Não temos o mau hábito de ficar jogando spoilers aqui, mas nesse caso é inevitável, já que Messias de Duna é continuação direta de Duna. Vamos tentar manter spoilers no mínimo aqui pra preservar todas as boas surpresas do livro. Então sigam em frente por sua conta e risco.


A história desse livro se passa cerca de doze anos após o final de Duna, volume anterior e primeiro de uma série de seis livros. Paul Atreides, ou Paul Muad'Dib, como foi nomeado pelos Fremen, agora é o Imperador do Universo, após um levante dado contra a hegemonia do Imperador anterior. Arrakis se torna a capital do Império e Paul sente, figurativamente, todo o peso da coroa, enfrentando politicagens, intrigas, subornos, chantagens, traições, e para piorar, sua habilidade de visualizar possíveis futuros o tempo todo sempre o levando ao limite da sanidade. Imagine cada ação que você desempenha, cada mínimo gesto, causando milhares de possíveis desdobramentos, e você ser capaz de ver cada possibilidade, uma a uma... É, não é mole ser o Muad'dib, mas alguém precisa fazê-lo. Para complicar ainda mais, vemos o retorno de um personagem dado como morto no volume anterior, alguém com quem Paul tinha um forte laço fraterno, porém agora retornando como um desconhecido, talvez até mesmo como inimigo...



"(...) O poder costuma isolar aqueles que o detêm em demasia. Por fim, acabam perdendo o contato com a realidade... e tombam."



Por ser a capital do Imperium, o povo de Arrakis, mais especificamente os Fremen, difundem suas crenças religiosas Universo afora, e claro, elas não são bem aceitas por todos. E falando em insatisfeitos, é lógico que existem os descontentes com essa mudança na balança de poder, cuja chave é o controle do Mélange, a substância mais valiosa do Universo. Conspiradores tramam a queda de Paul, e.... será que é por isso que ele anda tendo tantas visões de seus filhos sofrendo de mortes trágicas? para piorar, também surgem visões de um jihad cósmico, um verdadeiro banho de sangue ao redor do Universo, tudo em nome de Muad'Dib, contra aqueles que não aceitam o Imperador-deus de Arrakis. Paul Atreides é escravo da própria lenda que criou em torno de si mesmo, escravo de seu imenso poderio, atrelado ao volátil fervor messiânico. É claro que isso não vai acabar bem. Além disso, mais uma vez vemos o dilema determinismo x causalidade sendo magistralmente trabalhado por Herbert aqui. 


Messias de Duna pode não ter o escopo épico ou as cenas de ação e batalhas intensas do livro anterior, mas as tramas são tão cuidadosamente construídas aqui que a sensação que fica é de esse segundo volume ser uma espécie de prelúdio para o próximo volume da saga, dada a quantidade de situações orquestradas e pontas soltas deixadas aqui e que se encaminham para a sequência, e também por uma tensão crescente ao longo do livro, que prenuncia que algo catastrófico vai acontecer a qualquer momento. O primeiro livro foi ótimo por motivos diferentes, mas este não fica devendo em nada. Então, lá vamos nós FRENETICAMENTE direto para o próximo volume... Até a resenha de Filhos de Duna!




sexta-feira, 8 de junho de 2018

DESOLATION JONES, de Warren Ellis + J. H. Williams III + Danijel Zezelj, ou "A melhor HQ jamais finalizada que você vai ler na sua vida!"








Por EDUARDO CRUZ



Alguém aqui já leu Sandman

Não??? Então vão lá, peguem as 75 edições, leiam e voltem a esse post. Vou ficar esperando aqui. 

Prontos? 

Então vamos lá:
Quem lembra da biblioteca do Sonhar? A biblioteca onde estão armazenados todos os livros que foram sonhados, mas nunca chegaram a ser escritos, que nunca vieram a existir no tal do "mundo real". O reino de Morpheus tinha neste espaço o receptáculo perfeito para tudo que poderia ter sido, mas não foi, artisticamente falando. Por N motivos, projetos podem afundar, dar errado ou nunca acontecer. Parcerias azedam e inviabilizam a realização ou conclusão do trabalho. Artistas morrem antes de concluir suas obras. Empresas vão à falência e publicações são abruptamente interrompidas. Algumas coisas nunca chegam a atingir seu pleno potencial e são finalizadas prematuramente. Um (péssimo) exemplo é o Grandes Astros Batman & Robin, de Frank Miller e Jim Lee. Que poderia nem ter sido concebido, para começo de conversa. Ainda assim, esse aborto da natureza respirou e se arrastou por nove edições até finalmente alguém na DC finalmente ter o bom senso de desligar os aparelhos dele. E olha que eu sou fã do Bátemã rs!!!. Agora, um exemplo de uma ótima HQ que morreu antes da conclusão - bem mais agradável do que falarmos de um gibi onde a Morcega derrota o Lanterna Verde pintando um quarto todo de amarelo - é Desolation Jones.

O Absolute Desolation Jones está na prateleira de baixo, ao lado do Omnibus de Grandes astros Batman & Robin :>P


Michael "Desolation" Jones é um agente aposentado do MI6, o Serviço secreto Britânico, que após cair em desgraça por embriaguez em serviço e má conduta, não tem outra escolha senão servir como cobaia em um projeto secreto, o Teste Desolação. Ele é, aparentemente, o único sobrevivente de um experimento que o obrigou, entre outras coisas, a ficar sem dormir e assistindo a cenas de morte e violência por um ano inteiro. O experimento deveria aprimorá-lo, mas dá terrivelmente errado, e Michael é "aposentado", sendo exilado pelo resto de sua vida em um local designado para outros como ele. E qual o melhor lugar para esconder ex operativos de agências de inteligência que foram cobaias de experimentos de aprimoramento mal sucedidos? Qual cidade do mundo tem a maior concentração de esquisitões por metro quadrado??? Isso mesmo, Los Angeles, Califórnia! Existe toda uma comunidade de ex espiões de diversas agências com aprimoramentos bizarros vivendo na Cidade dos Anjos, todos legalmente invisíveis, mas sem permissão de abandonar a cidade. Michael presta serviços de investigação particular entre os de sua comunidade. Esse primeiro (e único) arco aborda um dos serviços de Jones: Ele é contratado por um coronel para investigar quem teria roubado de sua coleção particular um item de valor inestimável, o Santo Graal da sacanagem cinematográfica: Os filmes pornográficos caseiros de... Adolf Hitler!

"Isso é L. A., querido. É com os de aparência normal que a você precisa ficar esperto."


Admito que também não acho a trama lá muito original, já que ela segue a manjada cartilha noir do investigador durão, com mulheres fatais, o McGuffin cobiçado por todos, reviravoltas inesperadas e etc, mas o que faz de Desolation Jones genial é a criatividade de Ellis, que sempre tende ao bizarro, para enriquecer essa trama, acrescido à doses brutais de realismo, violência explícita e temas contemporâneos: Jones investiga o submundo pornográfico de Los Angeles em busca do tal filme pornô roubado, e por conta disso há uma cena interessantíssima com uma atriz pornô explicando para Jones um lado de sua profissão que poucos conhecem, os bastidores da indústria, e que poderia ter sido extraído de uma entrevista, de tão cru que é o diálogo. 



Outro ponto que não poderia deixar de mencionar fica por conta dos ex operativos exilados em Los Angeles: Eles não possuem poderes úteis e impressionantemente glamourosos como vemos em X-Men, por exemplo. São todos vítimas de experimentos que deram terrivelmente errado, e que não passam de uma grande inconveniência para seus portadores. Alguns variam do extremamente bizarro ao pateticamente inútil, como por exemplo Jeronimus Corneliszoon, empresário de Jones, que deveria ser o soldado perfeito, com necessidade de se alimentar apenas quatro vezes ao ano. Seu estômago, modificado pela CIA, o obriga a consumir vastas quantidades de proteína, e por isso ele é o único operativo autorizado a sair de L.A. para comer vacas. Inteiras e em pleno campo aberto, ajudando assim a perpetuar as bizarras lendas de mutilação de gado América afora. Também há Emily Crowe, que como resultado de um experimento da CIA para criar a armadilha sexual definitiva, emite o tempo inteiro feromônios que provocam repulsa e medo irracional em todos à sua volta, com exceção de Jones, que não é afetado, provavelmente por causa do Teste Desolação. O cárcere de Emily é bem menor que o dos outros agentes, já que ela mal sai de sua casa. Uma personagem que desperta consternação no leitor.




O próprio Jones é um amontoado de problemas: O experimento fez com que ele tivesse uma compleição frágil, cheio de cicatrizes, pele cinzenta e cabelos brancos. Jones evita luz solar e sofre de dores crônicas e impotência sexual. Ainda assim, é bastante perigoso, com reflexos acima do normal e seu treinamento do MI6. Psicologicamente, ele é incapaz de sentir medo ou remorso, e se necessário, recorre ao homicídio sem maiores problemas, às vezes de mãos nuas. Além disso, Jones sofre de alucinações, vendo anjos seminus ou ensanguentados pairando sobre a cidade. "Soldadinhos quebrados", como Corneliszoon se refere à sua comunidade em um determinado momento. Esses agentes descartados são uma pequena faceta do abuso de poder e os absurdos a que a corrida armamentista pode chegar. Por conta de sua condição, Jones acha que mais nada pode feri-lo, e descobre da pior maneira que ainda pode se machucar um pouco mais.




"Ganhar uma luta não se trata de ser o mais forte ou o boxeador mais esperto, se trata de ser o mais disposto a foder permanentemente com o outro cara." Amém, brother...



Desolation Jones durou oito edições, sendo que as primeiras seis compõem o arco Made In England, com arte de J. H. Williams III e Jose Villarrubia e o arco seguinte, To Be In England, do qual só saíram as duas primeiras edições, com arte de Danijel Zezelj. O motivo disso foi a perda dos roteiros originais: O computador de Ellis deu pau e ele perdeu vários roteiros sem backup, incluindo Desolation Jones e alguns outros trabalhos. Depois disso, o desânimo foi tão grande que ele nem tentou reescrever. A série foi descontinuada na oitava edição. O encadernado lançado pela DC não inclui as edições #7 e #8, as duas primeiras do arco incompleto, apenas as seis edições do arco Made In England.




A arte de J. H. Williams III (Promethea, Batwoman, Sandman: Prelúdio) é um show à parte. Seus layouts de páginas são alucinantes e sobrenaturalmente criativos, tornando a tarefa de virar cada página um esforço. O colorista é Jose Villarrubia, colaborador de longa data de Williams, e em perfeita sintonia com o traço do desenhista. Ellis foi presenteado por ter esses dois frente à arte de Desolation Jones. O título chegou a ser indicado a seis prêmios Eisner (Melhor nova série, melhor arco de história, melhor escritor, melhor desenhista, melhor colorista e melhor letreirização). Apenas Villarrubia ganhou o Eisner de melhor colorista, mas Desolation Jones merecia bem mais...

Lembra daquela página fodástica de Promethea? Coisa do Williams...


Uma mescla entre romances detetivescos do Mike Hammer de Mickey Spillane e do Sam Spade de Dashiell Hammett, somado ao clima weirdo da Los Angeles de Vício Inerente de Thomas Pynchon e ainda uma pegada de jornalismo gonzo, que também é a cara de Los Angeles. Adicione a isso pornografia (L.A. é a capital do pornô mundial!) e drogas (segundo Marilyn Manson, L.A. é a capital mundial das drogas) e, lógico, toda a inventividade, insanidade e violência que um Warren Ellis extremamente inspirado pode entregar, e dá pra ter uma boa idéia do que esperar de Desolation Jones. Não podemos esquecer de mencionar a parceria com Williams, os dois afinadíssimos para fazer essa Los Angeles tão bizarra ser tão crível. Ellis é um cara que escreve a história das HQs agora, nesse exato momento, enquanto eu escrevo esse texto e enquanto vocês o lêem. Então, não esperem pelo cinquentenário da morte dele para atestar sua genialidade. Vá atrás de uma boa história do Ellis AGORA! Acredite, até os gibis incompletos desse cara valem muito a leitura...

"Essa cidade encontra uma nova maneira de partir meu coração todo fuckin' dia..."

terça-feira, 5 de junho de 2018

MONSTRESS - DESPERTAR, de Marjorie Liu e Sana Takeda, ou "O novo candidato a ser o próximo Saga."





Por Ray Jr.


"Uma vez, quando éramos escravos e estávamos famintos, comemos o conteúdo do estômago de um menino morto. Dissemos que era diferente de comer o menino. Mas agora eu sei a verdade. Era a mesma coisa."



Vencedora do prêmios Hugo Awards e British Fantasy Awards de melhor história em quadrinhos de 2017, a série da Image Comics criada pela roteirista Marjorie Liu (NYX, X-23) e a desenhista Sana Takeda (X-Men, Ms. Marvel, X-23) é uma das gratas surpresas publicadas no Brasil em 2018. Em um mundo alternativo que mistura elementos de fantasia épica e steampunk, a Federação Humana e os Reinos Arcânicos entraram em guerra após anos de coexistência amistosa. Uma frágil trégua é estabelecida após a Batalha de Constantine, que ceifou inúmeras vidas de ambos os lados. Acompanhamos o início da jornada da protagonista, Maika Halfwolf, passados cinco anos desde o início do período de trégua.


O esquecimento é amigo da barbárie.




Maika Halfwolf é uma arcânica de aparência bem similar a humana, que após sobreviver a guerra, decidiu ir atrás de respostas sobre seu passado. Boa parte da memória de sua infância foi perdida, depois de uma expedição com sua mãe e alguns outros estudiosos ao deserto a procura de um antigo artefato. Algo deu tremendamente errado por lá ao fazerem experimentos com o artefato, o que vitimou a mãe de Maika e marcou a própria de forma permanente. Encontrada por saqueadores no deserto, foi vendida como escrava e mantida em um campo de concentração por uma senhora de escravos que leiloava crianças arcânicas  para a alta sociedade humana. Durante o violento período de guerra, foi libertada mas a  inquietante vontade de descobrir sobre si mesma e as incomuns habilidades que adquiriu após o evento no deserto a faz partir em uma jornada extremamente arriscada.


A fome que anseia por alimento é a mesma que impulsiona a busca por algo que nos complete como indivíduo.


A primeira edição desse volume, que tem um número maior de páginas, já captura o leitor mostrando a grande habilidade narrativa da dupla para desenvolvimento de cenário e personagens, criando um mundo onde o leitor não demora a emergir, e abordando temas como preconceito racial, escravidão, estado teocrático opressor, enfrentamento de monstros internos e os problemas de uma geração pós-guerra alimentada pelo ódio e preconceito em um mundo onde muros dividem territórios Humanos e Arcânicos. Enquanto Maika tenta entender e controlar a criatura obscura que vive em seu interior e se manifesta através do seu antebraço amputado, ela coloca seu arriscado plano inicial em prática e as consequências poderão desencadear o reinício da guerra. Ambos os lados buscam conhecimento e acesso a poderes de deuses antigos adormecidos (Alô, Lovecraft!), e a linhagem da jovem pode ser a chave para o controle desses poderes.


As parceiras no crime, Sana Takeda e Marjorie Liu respectivamente, afiadíssimas na execução dessa bela obra.
Ph'nglui mglw'nafh Cthulhu R'lyeh wgah'nagl fhtagn.


Praticamente todas as personagens de destaque e coadjuvantes são femininas, mulheres de personalidades marcantes, física e mentalmente diferentes, algumas ocupando cargos de poder, sendo elas militares de variadas patentes, líderes religiosas, um esquadrão de inquisidoras, uma primeira-ministro, chefes-guerreiras, rainhas e conselheiras, o que denota neste mundo uma forte característica de sociedade matriarcal, tanto do lado humano quanto do Arcânico. Além disso, apêndices ao fim de cada edição trazem trechos de palestras do Professor Tam Tam, um gato falante erudito contemporâneo, que elucidam questões históricas e conectam ainda mais o leitor ao mundo conhecido. E há de se concordar com Neil Gaiman, que diz que Monstress traz alguns dos melhores gatos dos quadrinhos, como o Mestre Ren. 


O audaz Mestre Ren ,com seu par de caudas, nunca perde uma oportunidade de citar os poetas.




Monstress é uma bela mistura dos estilos e tradição dos quadrinhos ocidentais e orientais com uma sinergia vibrante entre roteiro e arte. A edição da Pixel tem um belo acabamento gráfico que já impressiona na capa dura texturizada em verniz. A série está em seu terceiro volume nos EUA e ficamos na torcida para que o ótimo tratamento dado a esse título promissor continue por aqui.

Uma das estupendas capas de Sana Takeda


sexta-feira, 1 de junho de 2018

CENTÉSIMO POST + ZONA NEGATIVA NO FIQ!!!!





Por Eduardo Cruz



Achou que não ia ter Zona Negativa no FIQ??? Achou errado, otário! Aproveitamos esse centésimo post da Zona Negativa (SIM, já chegamos aos 100 posts! Quem diria que nosso papo furado aqui iria render tanto, hein??? rsrsrs...) para dar um aviso de última hora:  A Zona Negativa estará neste sábado e domingo em Belo Horizonte, no décimo oitavo Festival Internacional de Quadrinhos para curtir o evento. Fiquem ligados no Instagram da ZN (@zonanegativa2014) para as novidades e stories que vamos largar enquanto estivermos por lá. Lançamentos, novidades e encontros com os artistas que estão sacudindo o cenário nacional de quadrinhos, tudo isso em nosso Instagram e Facebook o fim de semana inteiro!  

E sabem o que isso significa? que nas próximas semanas provavelmente teremos uma tonelada de materiais para resenhar, de tudo que conseguimos apurar de mais interessante no melhor evento de quadrinhos brasileiro atualmente!

Então, Bê Agâ, preparem o torresmo, a cerveja e os pães de queijo, porque a gente vai invadir esse trem bão aí!!!

E então, prontos para mais cem posts...???






RESENHAS RELÂMPAGO: Abril / 2018 e Maio / 2018

 

Saudações, humanos!!


Voltamos! E com todas as Resenhas Relâmpago de abril e maio pelo Instagram e Facebook, agrupadas aqui nesse post! Sim, todas as HQs que lemos entre abril e maio e receberam essa avaliação mais rápida, com uma opinião também rápida e rasteira, que manda na lata se vale a pena ou não começar uma nova coleção ou continuar acompanhando um determinado título. Dê uma conferida nesses textos, quem sabe a gente não dá aquela moral pra evitar certas furadas sendo publicadas, ou apontar aquela pepita que você não viu, por causa da maldita sobrecarga informacional do ciberespaço hehehehehe.

Dentre os achados do mês, os destaques são os Vingadores e Novos Vingadores do roteirista Jonathan Hickman, o novo encadernado do Monstro do Pântano e a continuação de O Legado de Júpiter, ambos de Mark Millar, o James Bond escrito por Warren Ellis, muita coisa boa da Vertigo, um potencial clássico da Marvel (rs) e muito mais. Além disso, algumas dessas resenhas já marcam a entrada de nosso novo integrante, Ray Jr.!!! Então, para facilitar pros leitores, as resenhas relâmpago vão passar a vir assinadas, assim vocês não xingam o cara errado, ok? :>)))))

Então, vamo que vamo!




VINGADORES – ADAPTE-SE OU MORRA

OS VINGADORES EM ROTA DE COLISÃO COM O TEMPO – E COM SI MESMOS. Na sequência de Infinito, Capitão América e Homem de Ferro planejam a nova versão dos Vingadores, mas são interrompidos por um visitante do futuro que traz notícias sombrias: um planeta desgarrado ruma em direção à Terra. Enquanto a equipe busca uma solução que mal compreende, novos mistérios surgem do fluxo temporal e os Vingadores precisam enfrentar a si mesmos – de novo. Essa luta será tão grandiosa quanto a que tiveram com os X-Men? Conforme a Guerra Científica assola o(s) mundo(s), qual é o segredo dessa equipe expelida do tempo?

E o Hickman continua, por acaso, fazendo o que a gente mais gosta de ver em HQs: viagem no tempo e mundos e personagens alternativos! Mal executado, esse tipo de temática fica intragável, mas não é o caso aqui! Hickman trabalha, literalmente, DÚZIAS de personagens no que talvez seja a abordagem mais ousada desde a criação dessa super equipe da Marvel. Altas surpresas e reviravoltas – especialmente com os Homens de Ferro vindos do futuro ou de Terras paralelas! E nenhum deles é quem poderíamos começar a especular! – neste arco, com uma equipe dos Vingadores que não pode ser exatamente considerada heróica. Pensando bem, não pode ser considerada heróica de maneira alguma. E como os NOSSOS Vingadores vão lidar com mais essa?

Hickman não dá tempo pro leitor respirar após todo aquele caos da saga Infinito, e ainda por cima não esqueçamos os eventos de Incursão entre as Terras que os Vingadores (e nos bastidores, os Illuminati) precisam lidar, onde uma Terra alternativa precisa ser destruída para outra sobreviver. Será que estamos próximos de saber quem é o responsável pela maior ameaça que os maiores heróis da Terra já encararam???

Uma montanha russa de ação e emoção, amiguinhos. Não acompanhei isso na época em que saía aqui em títulos mensais, então estou saboreando cada encadernado dessa grande saga que tem saído por aqui. Até o próximo!

(Eduardo Cruz)
Compila as edições #24 a #28 da série Avengers.
140 páginas. Capa dura.
R$ 40,00


 
JAMES BOND 007 – VARGR

Depois de vingar sua morte, James Bond assume os casos de seu colega na Divisão 00: o Agente 008. Sua nova missão é acabar com um aparentemente pequeno tráfico de drogas em Berlim, sem fazer idéia das terríveis forças que estão se juntando contra ele, nem da vasta e letal conspiração que elas colocaram em movimento. Para escapar ileso de Berlim, 007 terá de fazer valer, com força total, sua Licença para Matar! Com uma ação digna das telas de cinema, nenhum fã de 007 pode perder este fantástico arco de histórias escrito por Warren Ellis (Transmetropolitan) e Jason Masters (Corporação Batman)!

James Bond em uma HQ com roteiro de Warren Ellis, que aqui escreve no piloto automático, e que piloto automático! Uma HQ espetacular, com um Ellis que entrega uma história pronta para ser adaptada para um excelente filme de James Bond – melhor que os dois últimos kkkkk -, e o leitor que tem intimidade com o trabalho de Ellis consegue perceber que ele nem se esforçou pra isso! O roteirista conserva boa parte do que é marcadamente característico em sua obra: os diálogos humoradamente inteligentes, personagens estranhos, cenários de ação bem construída e violência absurda, tudo isso, entretanto, de forma bem mais contida do que ele costuma lançar mão. É como se Ellis respeitasse a criação de Ian Fleming o suficiente para mantê-lo fora de qualquer insanidade narrativa que o roteirista tenha o costume de fazer em suas próprias HQs. A arte de Jason Masters casa perfeitamente com o tom do roteiro, ou sejE: Não é nada espetacular, mas é boa, servindo a seu propósito. Não é uma das estrondosamente melhores HQs dos últimos tempos, mas também não é um vexame que não vale nem o papel em que foi impressa.

Fãs de James Bond podem ler sem medo de se decepcionar. Já os fãs de Ellis, estejam preparados para uma versão light do roteirista nesta HQ. Uma ótima história de espionagem, onde não faltam as obrigatórias reviravoltas, escapadas absurdas da morte certa, capangas com próteses exóticas e claro, mulheres fatais...

(Eduardo Cruz)


Compila as edições #01 a #06 da mini série James Bond 007 - VARGR.
180 páginas. Capa dura.
R$ 69,90


O LEGADO DE JÚPITER – VOLUME 2

Os super-heróis dominaram o mundo. Poderão os supervilões nos salvar? Hutch, Chloe e seu filho Jason saem de seu esconderijo para reunir uma equipe formada pelos maiores canalhas do mundo. O objetivo: deter Brandon e seu tio Walter em sua missão de salvar o mundo. Do roteirista Mark Millar (Kick-Ass, Starlight, Os Supremos, Kingsman: Serviço Secreto) e do desenhista Frank Quitely (Grandes Astros Superman, Batman & Robin, Novos X-Men, WE3).

Millar encerra mais este capítulo dessa saga familiar, em uma história sobre legado, super-humanidade, altruísmo e justiça. O roteirista se esforça para construir um épico, que já abarca três gerações, e apesar de certos momentos que lembram alguns dos gibis enlatados que ele faz já pensando nas adaptações televisivas/cinematográficas, em O Legado de Júpiter ele tem nos dado um trabalho acima da média, que apesar de sua história bastante simples, tem uma estrutura ágil e as cenas de luta e ação entre personagens com superpoderes mais intensas e criativas desde The Authority! A narrativa comprimida de Millar nos conta muita coisa em poucos diálogos, mas ainda assim é uma HQ que deixa o leitor absorto por uns dois dias seguidos, já que a arte ultra meticulosa de Frank Quitely – o Winsor McCay dos dias de hoje! – é cada vez mais fascinante, e reler esse modesto épico dos anos 2010 se torna quase uma compulsão. O segundo volume se encerra, apesar da conclusão óbvia, com uma misteriosa promessa de eventos ainda mais grandiosos por vir, sugeridos nas entrelinhas das origens dos poderes dos super humanos primordiais, e meu palpite é que no próximo volume talvez vejamos um Jason, já adulto, descobrindo o motivo de alguns humanos terem sido contemplados com super poderes? Só o tempo dirá. Aguardemos o próximo capítulo dessa saga!

(Eduardo Cruz)

 
Compila as edições #01 a #05 da mini série Jupiter’s Legacy – Volume 2.
136 páginas. Capa dura.
R$ 41,00



BATMAN – O HOMEM QUE NÃO ESTAVA LÁ

Enquanto vencia a terrível Corte das Corujas, derrotava o insano Coringa e sobrevivia ao violento Ano Zero, o Homem-Morcego de Gotham City viveu outras aventuras tão históricas quanto essas e é aqui que elas serão reveladas! Estes contos mostram o Batman em luto por seu filho perdido, se infiltrando no Asilo Arkham e rastreando um assassino em série. Abrangendo o passado, o presente e o futuro do herói, este encadernado enriquece o mundo de um dos mais amados campeões da justiça dos quadrinhos.

Esse encadernado compila algumas histórias soltas do Batman e não segue a ordem das publicações anteriores, por isso não há grandes problemas na leitura dessa disposição de edições do encadernado. Essas histórias menores abordam vários personagens coadjuvantes que foram apresentados aqui e ali em arcos anteriores e em títulos paralelos, como Batman Eterno. O volume serve como prólogo para alguns arcos, como o Ano Zero, por exemplo, e de epílogo para outros, como as histórias de corporação Batman e Batman & Robin envolvendo o pós-morte de Damien Wayne. Destaque para as histórias em que o foco fica em outros personagens como Dick Grayson, Jason Todd e Barbara Gordon.

A maioria dos roteiros têm um problema sério, que se chama Scott Snyder. O roteirista é um dos maiores embusteiros que surgiu neste meio nos últimos anos. Snyder consegue levantar a bola por diversas vezes em seus trabalhos apresentando e desenvolvendo uma idéia boa, por vezes até original, para no final estragar tudo com muita forçação de barra e um toque de pedantismo. A DC tem apostado cada vez mais no Snyder e francamente, ele não corresponde. Este encadernado só não é perda total por causa das histórias escritas por James Tynion IV (mas não tanto rs) e da arte de Greg Capullo. Fãs de histórias do Batman, fãs de Greg Capullo e pacientes terminais da Doença do Morcego em geral ficarão satisfeitos com esse lançamento. Fora isso, é melhor reler Ano Um pela centésima vez.

(Eduardo Cruz)


Compila as edições #0, #18, #19, #20, #28 e #34 da série Batman, além do especial Batman Annual #2.
228 páginas. Capa dura.
R$ 64,00

 

ART OPS VOLUME 2 - POPISMO

A boa impressão deixada pelo primeiro volume aqui na Zona nos fez ir ávidos no encalço da leitura do segundo. E tudo que agradou continua, intensificado e de forma inteligente, sem exageros e graças a um único personagem que rouba a cena: Danny Doll. O pai de Reggie Revolt retorna para tentar se aproximar do filho que nunca conheceu, mas isso não será nada fácil, pois o punk o culpa por todos os acontecimentos recentes.

Danny Doll e Regina Jones estrelam as duas primeiras histórias do encadernado, em que a Art Ops versão anos 70 começa a entrar em rota de colisão devido aos pontos de vista diferentes das duas lideranças em relação a como lidar com a arte viva em nosso mundo. Edições magistralmente desenhadas por ninguém menos que Eduardo Risso!

Nas edições seguintes, agora tendo o peso da responsabilidade de comandar a Art Ops, Reggie tenta segurar as pontas enquanto o Corpo e J Gourgeous viajam para LA na tentativa de vender um roteiro para Hollywood e Danny Doll segue em sua cruzada para libertar todo tipo de arte, visando uma coexistência pacífica com a humanidade. Contrapondo os planos do ex-líder da Art Ops surgem os Papais Suburbanos, organização que como o nome sugere, são pais suburbanos de meia idade dispostos a lutar pelos valores da “moral, bons costumes e família tradicional”, incluindo censurar e destruir todo tipo de arte que julguem imprópria.

Mantendo a vibe despretensiosa e divertida até a sua conclusão, Art Ops não decepciona e mostra por que recebeu tantos elogios e indicações a prêmios. Shaun Simon é um nome pra se ficar de olho no futuro, roteirista já conhecido por ter trabalhado com Gerard Way anteriormente. Claramente tendo como inspiração séries clássicas do selo Vertigo, como Patrulha do Destino e Shade, Art Ops utiliza muito bem a narrativa non-sense e apresenta conceitos interessantes que instigam e entretém o leitor, se consagrando como um dos títulos mais bem sucedidos da Vertigo atual.


(Ray Jr.)




Compila as edições #7 a #12 da série Art Ops.
172 páginas. Capa cartonada.
R$25,90



ASTRO CITY VOLUME 7 – A ERA DAS TREVAS 2: IRMÃOS EM ARMAS

São os anos 1980 em Astro City. E faz frio. Os heróis da cidade ficaram mais sinistros, mais brutais, mais perigosos. Mas Charles e Royal Williams não se importam, porque eles também ficaram. Os dois estão atrás do homem que matou o pai deles em uma batalha de super-heróis muito tempo atrás, e ninguém – herói, vilão, bandido, monstro ou entidade cósmica – será capaz de impedi-los.

Na impactante conclusão de A ERA DAS TREVAS, os aclamados contadores de histórias Kurt Busiek e Brent Anderson trazem uma Astro City lutando pela alma perdida. O futuro pertence aos heróis como a Primeira Família ou o Samaritano? Ou aos vigilantes, como o Ponta de Lança, Stonecold ou o mortífero Cavaleiro Pálido? Os heróis que temos são os que merecemos? IRMÃOS EM ARMAS traz a conclusão do épico mais sombrio de Astro City, uma viagem a uma história alternativa tão real que você juraria que esteve lá.

Astro City sempre é sinônimo de qualidade, revisionismo do bom, e a melhor HQ auto referencial de super heróis fantasiados da atualidade. Sem novidades até aqui. Mas essa saga "A Era das Trevas" abusou! Uma coisa que comentamos aqui na Zona desde que a HQ começou a ser publicada pela Panini é como a obra prima de Busiek consegue evocar memórias de leitores mais antigos, aqueles que chegaram a ler os mixes da editora Abril com aquele sabor de nostalgia setentista, porém em Astro City com a consistência e maturidade no melhor nível a que uma HQ contemporânea pode almejar. A alegoria de Busiek a esta era dos quadrinhos, amparada pela arte competente de Brent Anderson, é perfeita, evocando resquícios de uma era que ainda preservava alguma inocência, no final da Era de Prata dos quadrinhos, para adentrar uma época mais sombria, no início dos anos 80, que é conhecida pelos estudiosos do período, entre outras alcunhas, como.... a Era das Trevas! A imersão que cada encadernado de Astro City provoca no leitor é assombrosa: Cento e poucas páginas de Astro city equivalem facilmente a anos de gibis da Marvel/DC, dada a quantidade de coisas acontecendo em primeiro e segundo (e terceiro) planos e o volume de informação e ação em suas páginas é estupendo!

Ver a transformação dos irmãos Charles e Royal, de cidadãos comuns de Astro City, meros espectadores nesse teatro fantástico de heróis e monstros, para algo mais... extraordinário também foi uma experiência única ao longo desses dois últimos encadernados. Incrível é ver como Astro City entrega histórias individuais excelentes ao mesmo tempo que constrói e amarra a cronologia de seus ilustres habitantes e grupos superpoderosos, e além disso TAMBÉM constrói a mitologia da cidade em si! Senhoras, senhoritas e senhores, quando eu digo que não existe HQ parecida, vocês deveriam me levar mais a sério...

Eu, pessoalmente, prendi a respiração esperando que o destino dos irmãos, obcecados por vingança, tivesse um final triste e violento, mas novamente Busiek surpreende com um ótimo plot twist - que inclusive remete ao primeiro encadernado!!! - , e claro, pontas soltas que sem dúvida devem culminar em outro arco incrível futuramente.

A molecada hoje em dia anda abusando da palavra "Épico" para muita porcaria, mas para definir Astro City, somente "ÉPICO" dá conta mesmo...

(Eduardo Cruz)


Compila as mini séries Astro City: The Dark Age Book Three #1 a #4 e Astro City: The Dark Age Book Four #1 a #4
244 páginas. Capa cartonada.
R$ 34,90
 


HOMEM-ANIMAL: PRAGA VERMELHA

A família Baker não tinha como se manter da mesma forma após os últimos acontecimentos. A morte de Maxine abalou a estrutura psicológica de todos, mas a sua volta pode fazer muito mais e numa escala muito maior.

Para Ellen, o momento pode ser o de recolher-se para tentar processar tudo pelo que tem passado. Já Buddy tem voltado-se cada vez mais para o Vermelho, tornando sua conexão com a humanidade mais tênue. O ritmo acelera, as apostas se tornam maiores e os riscos muito mais altos.

Um novo movimento se forma ao redor do agora mais selvagem Buddy Baker, uma força crescente formada por homens e animais, todos seguindo Buddy, Maxine e um chamado selvagem do Vermelho. Mas o Homem-Animal está cumprindo um papel de Noé contemporâneo, salvando seu rebanho da extinção… ou é apenas um Flautista Mágico os levando a uma sangrenta e brutal extinção?

Este encadernado é o oitavo que publica o HOMEM-ANIMAL pós-Grant Morrison, concluindo a fase do roteirista Jamie Delano (HELLBLAZER), com arte de Steve Pugh (PREACHER: SANTO DOS ASSASSINOS), Russ Braun (The Boys) e Peter Snejbjerg (Starman).

A edição final da fase Delano em Homem Animal é diferente de qualquer HQ que você tenha lido. Uma jóia única. Pouquíssimas vezes um personagem de histórias em quadrinhos foi desconstruído assim de forma tão radical, reconfigurado, ressignificado e afastado dos elementos simplistas de sua concepção original. Se no volume anterior o título já havia se mostrado audacioso o suficiente em não ter situações e lutas entre meta humanos típicas dos comics americanos e mostrou uma comuna matriarcal sendo formada em suas páginas, aqui Delano deu um passo além e mostrou Buddy Baker, o Homem Animal, completamente integrado ao Vermelho, despojado de sua forma humana e liderando pessoas e animais em uma cruzada messiânica contra a sociedade de consumo como a conhecemos! Buddy e sua filha Maxine decidem criar a Igreja do Poder da Vida, e arrebanham seguidores, tanto humanos quanto animais, rumo a uma terra prometida no meio de Nebraska, em sua tentativa de romper com o sistema e fazer nascer uma nova sociedade mais harmonizada com a natureza. Claro que não vão faltar perigos e antagonistas decorrentes desta situação, mas Delano encaminha as situações a direções que o leitor sequer imagina. Maxine Baker é incrível. Buddy como avatar do Vermelho chega ao ápice enquanto personagem de uma maneira que invalida as histórias posteriores do personagem (vocês precisam ler para saber do que estou falando). O fechamento desta fase, apesar de existirem mais dez edições com o inexpressivo Jerry Prosser nos roteiros antes do cancelamento do título, são o encerramento perfeito, o encerramento de série que os fãs sentiram muita falta em Hellblazer. John Constantine merecia o Jamie Delano para dar uma saideira decente como esta aqui foi.

A sequência final do encadernado, que mistura a liturgia cristã do “Esse é o meu corpo, esse é o meu sangue”, sincretizada com uma orgia típica de povos pagãos.... sem palavras. A DC sempre foi ousada em seus títulos, mas a senhora, Dona Karen Berger, enquanto esteve à frente da Vertigo levou isso ao extremo! Poucas vezes um gibi mainstream foi tão subversivo assim. Pena que acabou. Mas foi mágico enquanto durou e marcou gerações de leitores. Falo com tranquilidade que esta fase é tão magnífica quanto a fase Grant Morrison à frente do personagem, e acredito que ninguém vai ficar pistola comigo pela comparação, certo?


(Eduardo Cruz)


Compila as edições #71 a #79 da série Animal Man.
236 páginas. Capa cartonada.
R$ 29,90

 

LUA DO LOBO

O que você sabe sobre Lobisomens? Alguns dizem ser uma maldição ou um vírus, que se adquire ao ser mordido por um outro lobisomem. Outros dizem ser uma patologia, um transtorno psicológico. A certeza é que pessoas afetadas por licantropia narram episódios de completa transformação, geralmente sob influência da lua cheia, em uma fera selvagem híbrido de lobo e homem, o predador máximo no topo da cadeia alimentar causando morte, violência e horror por onde passa. Dillon Chase é uma dessas pessoas. Responsável indireto pela morte de inocentes, incluindo sua própria família, viu seu mundo ruir perante as presas e garras de um monstro que tomou seu corpo e que logo depois o descartou.

Ao completar o ciclo lunar, o espírito-lobo parte em busca de um novo hospedeiro, deixando o antigo pra trás com todas as lembranças e transtornos pelo que fez. Muitos não conseguem viver com a culpa. Outros são mais fortes. Tendo descoberto a verdade por trás da lenda, Dillon agora é um caçador dedicado a perseguir o monstro que acabou com seu mundo.

Abordando o mito do lobisomem de forma pouco explorada, Bunn narra nessa mini um jogo de gato e rato com desdobramentos e inversões de papéis que se intensificam no decorrer da trama. Afinal, Dillon não é o único caçador por aí e o lobo não é o único predador. Já Jeremy Haun é o responsável por todas as cenas de matança explícitas e o faz de forma incontestável, não decepcionando os adeptos da ultraviolência. Lua do Lobo talvez não agrade os fãs mais conservadores de histórias de lobisomem, mas há de se enxergar o mérito dos autores em ousar em cima de conceitos já um tanto batidos. O leque de possibilidades que o desenvolvimento da trama abre pode deixar uma sensação de execução apressada por parte do roteiro, que parece mais preocupado em finalizar a história daqueles personagens do que potencializar os conceitos ali apresentados.Talvez o formato de minissérie em seis edições não tenha sido o ideal, mas Lua do Lobo cumpre bem a missão e nos traz uma boa narrativa sombria e de horror psicológico.

(Ray Jr.)




Compila as edições #1-#6 publicando a minissérie Wolf Moon na íntegra
164 páginas. Capa cartonada.
R$23,90


OS VINGADORES -  VINGADORES INFINITOS

Lembra-se de quando os Illuminati apagaram sua própria existência da memória do Capitão América? Pois o Capitão também se lembra. Os Illuminati acirraram seus esforços para defender a Terra, mas a Sentinela da Liberdade os lembrará do preço de suas ações. E com a sobrevivência de todo o planeta Terra em risco, a Jóia do Tempo ressurge e leva os Vingadores a uma perigosa jornada em direção ao futuro. Os Heróis Mais Poderosos da Terra viajam 50, 500, 5.000 e 50.000 anos no futuro e encaram o legado e as consequências de seus atos. O primeiro Vingador encontra o último, o Mundo de Vingadores desaba, e você não vai acreditar no que vem a seguir. Este volume de 156 páginas reúne as edições 29 a 34 de Avengers, escritas por Jonathan Hickman e ilustradas por Leinil Francis Yu.

Hickman continua magistralmente tocando o barco de ambos os títulos, Avengers e New Avengers rumo à mega saga Guerras Secretas. O roteirista, ao longo desse run, transformou a equipe de heróis em uma máquina de defesa planetária funcionando à perfeição, e talvez tenha sido o roteirista que criou as maiores ameaças para a equipe desde sua criação. Saudades de meros deuses nórdicos da trapaça tentando descarrilar trens e travessuras do tipo, agora os heróis mais poderosos da Terra precisam evitar colisões de Terras paralelas, ameaças transtemporais e outras coisinhas singelas.

Momentos de tensão cinematográfica hiperbólica à la Mark Millar pontuam os capítulos deste encadernado, mas podem curtir sem culpa, pois ao contrário de Millar, Hickman sabe dar desfechos muito superiores aos que Millar costuma entregar. A fase inteira de Hickman mantém um ritmo e uma qualidade fora do normal para quem escreveu uma mensal por quatro anos. As versões futuristas dos vingadores nos saltos temporais cada vez mais longe no futuro são uma mescla insana de H.G. Wells e Isaac Asimov. Ver também o Capitão América fazer contraponto ao moralmente ambíguo Tony Stark aqui vale por dez Guerras Civis, e para quem leu a ainda inacabada S.H.I.E.L.D. (não confundir com Agentes da S.H.I.E.L.D.!), também escrita por Hickman e ilustrada por Dustin Weaver, na última edição deste encadernado estaremos de volta a um lugar familiar, no futuro distante, onde houve um embate entre Howard Stark e Nathaniel Richards, os pais de Reed e Tony, respectivamente, e um certo Nikola Tesla...

Agora, faltam dois encadernados para encerrar, tanto Vingadores quanto Novos vingadores, e na sequência, o final apoteótico de toda essa construção narrativa culminando em Guerras Secretas. Claro que o bordão "A Marvel não tem clássicos!" é apenas uma brincadeira (certo?), e se eu tivesse que elencar algumas HQs da Marvel em uma lista de possíveis clássicos, não esperaria dez anos se passarem para incluir o trabalho de Hickman nesses títulos como um dos clássicos da tal lista...

(Eduardo Cruz)


Compila as edições #29 a #34 da série Avengers.
156 páginas. Capa dura.
R$ 44,00


DESAFIO INFINITO

QUEM PODERÁ ENFRENTAR O ONIPOTENTE THANOS? Na tentativa de atender aos desígnios de sua amada senhora, a Morte, Thanos traça um grandioso estratagema para subjugar as misteriosas entidades cósmicas conhecidas como Anciões e se apoderar das seis Jóias do Infinito, artefatos que detêm o controle sobre todos os aspectos do universo. Ao reuni-las, o Titã Louco torna-se o ser mais poderoso do Universo Marvel. Com tamanho poder em mãos, Thanos extingue metade da vida no universo apenas para agradar sua adorada musa. E isso é só o começo. Se não for detido logo, o insano vilão niilista pode usar sua recém-adquirida onipotência para causar o fim do todo o espaço e o tempo. Uma épica saga cósmica que revolucionou a Casa das Ideias, com roteiros de Jim Starlin (A Morte do Capitão Marvel) e arte de Ron Lim e George Pérez.

Jim Starlin marcou seu nome na história dos Comics e na memória dos leitores com suas sagas cósmicas. Histórias que extrapolavam – e muito – o ambiente urbano onde eram ambientadas a grande maioria dos quadrinhos de super heróis. Seja o projeto autoral Dreadstar, ou mais especificamente a Saga de Thanos (que engloba Desafio Infinito, Guerra Infinita e Cruzada Infinita), Starlin se tornou famoso pela grandiosidade do escopo de suas histórias, onde tudo é maior do que a vida, entidades de poder imensurável se digladiam pelo destino do universo e o inimigo é inimaginavelmente intransponível! Apesar de em vários momentos soar datada, o que é perfeitamente compreensível, dado o ano em que foi publicada (1990), esta HQ, que serviu de base para o filme Vingadores – Guerra Infinita ainda tem seus momentos de tensão e adrenalina, e reler esta HQ após mais de 20 anos foi como voltar no tempo. Recomendado para marvetes em geral, velhotes que acompanharam a saga da Jóias do Infinito ainda nos formatinhos da editora Abril, e cinéfilos fãs do universo cinematográfico Marvel. O material que foi inspiração para o melhor filme de 2018 até agora. Sem mais.

(Eduardo Cruz)


Compila as mini séries The Thanos Quest #1-#2 e Infinity Gauntlet #1-#6.
372 páginas. Capa dura.
R$ 113,00 (Ô Panini, minha carteira não é infinita, poha!!!)



NOVOS VINGADORES: UM MUNDO PERFEITO

A BATALHA QUE VOCÊ NÃO SABIA QUE QUERIA VER — ATÉ AGORA. Em toda a Criação, apenas uma Terra triunfou sobre cada Incursão que a ameaçou: a dos heróis da Grande Sociedade. E adivinhe qual Terra está em rota de colisão com a nossa? Agora, os Novos Vingadores precisam encarar essa poderosa superequipe — e apenas uma delas vai sobreviver. Até que ponto o Dr. Estranho está disposto a ir para proteger o Universo Marvel? Qual Vingador terá coragem de apertar o botão que destruirá um mundo? e quais serão as consequências? Enquanto os Illuminati são destroçados pelo peso de terem explodido um planeta, acompanhe os pretensos salvadores do mundo em seus últimos dias na Terra. Este volume de 148 páginas reúne as edições 18 a 23 de New Avengers. Escrito por Jonathan Hickman e ilustrado por Valerio Schiti e Kev Walker.

Eles mentiram, enganaram, acobertaram sujeiras e mataram, tudo para continuarem seu trabalho de super heróis. Continuação direta do encadernado Vingadores: Vingadores Infinitos, a trama que Hickman tem elaborado cuidadosamente ao longo dos dois títulos, vai ficando cada vez mais eletrizante e complexa. Os Illuminati, o grupo secreto composto pelas maiores mentes do universo Marvel, conspira para salvar a Terra das tais incursões, evento cósmico onde uma das Terras precisa ser destruída para que ambos os universos em interseção não sejam destruídos. Mas o peso moral de tal decisão pode estilhaçar os heróis, tanto como equipe quanto internamente. Quem quer ser responsável pela morte de um planeta inteiro, mesmo que para salvar dois universos? Quem quer matar outra equipe de super heróis para salvar seu próprio planeta? Quem quer vender a alma a demônios para conquistar mais poder e continuar a fazer o bem??? Uma situação de merda, e Tony Stark, Namor, T’Challa, Stephen Strange, Hank McCoy, Raio Negro, Bruce Banner e Reed Richards vão sofrer, e MUITO, com o peso e as consequências de suas decisões. Aliás, por que são eles a tomar essas decisões grandiosas, e somente eles? O conclave proto-fascistinha da Marvel segue fazendo monstruosidades na tentativa de continuarem a desempenhar seu ofício super heróico, e a avalanche de problemas parece ainda estar longe de acabar... Lembram de Thanos???? Pois é, ele voltou...

Só lembrando: Faltam apenas mais dois encadernados para encerrar Novos Vingadores... estamos nos aproximando do megaevento Guerras Secretas...

(Eduardo Cruz)


Compila as edições #18 a #23 da série New Avengers.
148 páginas. Capa dura.
R$ 42,00



MONSTRO DO PÂNTANO - RAÍZES DO MAL VOLUME 5

Nesse penúltimo volume do run de Mark Millar a maioria das perguntas que rolavam desde o primeiro encadernado começam a ser respondidas: Quem está por trás da tal invasão interdimensional ao nosso mundo? Por quê os parlamentos elementais estão agregando seus poderes em um único campeão? Qual o objetivo na criação de um multi-elemental? O Monstro do Pântano consegue perceber que está sendo usado como um peão em um grande jogo de xadrez, e parece que, seja agindo ou se recusando a cooperar, ele vai ser o perdedor nos dois desfechos. Para complicar Abby retorna ao pântano, mas a acolhida não é o que ela esperava. O Elemental, agora com os poderes do verde, das águas, das rochas e do ar, começa a ter sua percepção alterada, se equiparando a um deus, e por conta disso, obviamente, perdendo cada vez mais a sua consciência humana... Como isso vai acabar? falta só mais um volume pra descobrirmos.

Mark Millar nunca foi um roteirista genial e completo, mas nessa época, e em particular em Monstro do Pântano, uma palavra o define bem: Esforçado. O Escocês, na época um novato, realmente quer desenvolver uma história que faça justiça ao universo do personagem, e mesmo não sendo claramente a melhor fase de Monstro do Pântano, também não é a pior que o personagem já teve. Apesar dos buracos no caminho (e no roteiro), o final para o qual esse run se encaminha é tão grandioso quanto o de Homem-Animal de Jamie Delano (No encadernado Praga Vermelha, lembram?), eu diria até maior. As capas são do lendário John Totleben. Dispensam elogios. A arte continua por conta de Phil Hester.

A surpresa aqui é a última história do encadernado, "Chester Williams: Policial Americano", que parece uma história perdida do arco "Rio Acima", dos volumes anteriores, que tratava de realidades alternativas. Aqui, vemos o hippie Chester Williams, amigo do Elemental, chutando toda a sua ideologia de paz, amor e consciência ambiental para se tornar um conservador extremista, autoritário, intolerante, machista, opressor e... bem, vocês entenderam. A antítese do personagem.

Millar fez essa história encharcada de sarcasmo em cada balão como uma forma de protesto: A edição saiu em ano eleitoral e essa foi a forma bem humorada e ácida do editorial da Vertigo pedir a seus leitores consciência na hora de votar. Para completar o deboche, o artista convidado é o lendário coroinha boa-praça Curt Swan, a lenda da era de prata, artista clássico de Superman! Sarcasmo à moda Vertigo é assim.

Falem o que quiserem do Millar, pelo menos o rapaz ainda tinha o coração no lugar certo. A história caricaturiza o modo de pensar da extrema direita na época e nos deixa meio tristes em ver que, em pleno 2018, ainda existem pessoas bradando as mesmas besteiras que esse anti-Chester vomita nas 24 páginas da HQ... É, como a gente tanto lê em Homem-Animal e Monstro do Pântano: "A humanidade precisa evoluir urgentemente...".

(Eduardo Cruz)


Compila as edições #161 a #165 de Swamp Thing.
140 páginas. Capa cartonada.
R$ 21,90.



THANOS VOLUME 1 - THANOS RETORNA

Situado após a saga Guerras Secretas dentro da rocambolesca cronologia da Marvel atual, essa série em 18 edições mostra Thanos, o Titã Louco, em uma nova busca. Mas, dessa vez não é para recuperar poder e território: Thanos está morrendo. Agora desesperado, desprovido do poder infinito que portou no passado e com os dias contados, lembramos o porquê deste ser o vilão mais perigoso e um dos mais poderosos da Marvel. Jeff Lemire escreveu uma história que respeita o cânone estabelecido por Jim Starlin sem ignorar os eventos que Jonathan Hickman inseriu na cronologia da Marvel! Então sim, meus flocos de neve: Mais uma vez, temos um hype real em mãos! Existe história E arte aqui!

Você que reclamou da personalidade do vilão na adaptação feita no filme Guerra Infinita, vai gostar de ver que Jeff Lemire escreve um Thanos do jeito que o povo gosta: Ardiloso, amoral, violento, implacável, um vilão abjeto que não respeita nem seu próprio pai e passa por cima de todos para conquistar seu objetivo. O que Thanos não imagina é que existe um grupo de desafetos (o que no caso de Thanos faz a lista ser beeeeeeem longa...) tramando a derrocada do Titã...

Com participações especiais de muitos personagens deste universo cósmico da Marvel como a Guarda Shi'ar, Terrax, Força Fênix e muitos outros, essa série consegue explorar o lado cósmico da Marvel sem ser repetitivo, com muitas reviravoltas, destruição generalizada da porra toda, e a arte de Mike Deodato Jr., que, em nossa humilde opinião, está MELHOR DO QUE NUNCA! E isso vindo de alguém que nunca curtiu muito a arte dele é torcer o braço à beça rs. Mais dois encadernados por vir, e pelo que pesquisamos sobre a série aqui na Zona, apesar da mudança de equipe criativa mais pra frente, parece que a série vai bem até a última edição. Botamos fé e vamos acompanhando até o terceiro e último encadernado!

(Eduardo Cruz)


Compila as edições #1 a #6 de Thanos.
140 páginas. Capa cartonada.
R$ 21,90.



A GIGANTESCA BARBA DO MAL

Publicada em outubro de 2016 pela editora Nemo, a premiada Graphic Novel de estréia do cartunista e ilustrador Stephen Collins, A Gigantesca Barba do Mal é uma fábula moderna plena.

Dave, o protagonista, vive em uma ilha chamada Aqui, onde mantém uma rotina ordeira que lhe permite pôr em prática todo seu senso de organização. A vida para todos em Aqui corre da mesma forma e a ilha é um lugar perfeito, com ruas assentadas, casas padronizadas e pessoas impecavelmente bem alinhadas.

Dave também possui um bom emprego, localizado no centro de Aqui, onde se entrega a segurança que os números, gráficos e padrões lhe trazem, impossibilitando qualquer pensamento sobre Lá. Para ele ou qualquer outra pessoa de Aqui, não havia como escapar daquilo, todo mundo havia crescido ouvindo as histórias. Na verdade, Lá era um lugar onde ninguém nunca tinha ido, sabia-se apenas que ficava do outro lado do mar. Para os habitantes de Aqui, Lá era um lugar mau, caótico e desordeiro que ameaçava todos os seus perfeitos padrões de vida.

Num fatídico dia, porém, Dave se vê com um enorme problema: Sua barba começa a crescer incessantemente, desafiando qualquer lógica. Logo ela se torna uma questão de segurança pública, que mudará a sociedade de Aqui e o próprio Dave de maneira irreversível!

A Gigantesca Barba do Mal é um conto que nos convida a refletir sobre várias questões humanas contemporâneas de nível pessoal e coletivo, como solidão, conformismo, autoaceitação, medo de mudanças ou do que é diferente, alienação, entre outros.
Portanto, esteja sempre atento ao que há embaixo da pele das coisas e lembre-se que uma pitada de caos pode deixar tudo mais organizado. 
(Ray Jr.)

Editora Nemo
Capa cartonada, 240 págs
R$39,80
Também disponível no catálogo do @socialcomicsbr.
 

  
OS FLINTSTONES -  VOLUME 1

Provavelmente um dos títulos mais subestimados na época do anúncio da linha Hanna-Barbera Beyond da DC Comics, que se trata da reinvenção dos famosos personagens do estúdio de animação, Os Flintstones foi uma grata surpresa para boa parte dos leitores. Poucos meses após seu lançamento pela Panini em dezembro do ano passado, criou-se um hype acerca desse primeiro volume e nós resolvemos conferir o motivo do entusiasmo da galera.

Incumbidos de reimaginar e modernizar a tão conhecida e amada família pré-histórica, o roteirista Mark Russel (Prez) e o desenhista Steve Pugh (Santo dos Assassinos) nos apresentam a próspera cidade de Bedrock, onde Fred e Barney residem com suas famílias e trabalham na Pedreira do Pedregulho, empreendimento mais importante da cidade.
O progresso chegou e os homo sapiens precisam se adaptar a novas convenções sociais. Pela ótica de Fred, um veterano das guerras paleolíticas e avesso a novas tecnologias, acompanhamos as situações do dia a dia dessa família moderna da idade da pedra.

Durante as histórias, Mark Russel aborda temas como sociedade de consumo e espetáculo, relações abusivas no ambiente de trabalho, banalização das artes, dificuldades de reintegração social de ex-combatentes de guerra, manipulação de massas através da mídia e religião, sempre em tom de sátira e traçando paralelos com a sociedade atual.

Algumas edições, sofrem de uma certa falta de ritmo, com situações soltas e caricatas que geram diálogos pouco espontâneos, fazendo-os parecer saídos de um livro de autoajuda.
Em outras porém, o acerto na execução contribui pra uma leitura fluida e divertida, como na edição do embate entre os movimentos contra e a favor da monogamia e institucionalização do casamento. No geral, Os Flintstones é um gibi divertido, com ótimas idéias que se destacam quando bem utilizadas e arte soberba do sempre competente Steve Pugh. A mensagem aqui é clara: Não acredite no hype.

(Ray Jr.)


Capa cartonada, reúne as edições The Flintstones #1 a #6
168 páginas
R$24,90



DEMOLIDOR - DECÁLOGO


O encadernado prossegue com o run de Brian Michael Bendis frente ao título do Demolidor. Matt Murdock derrubou o Rei do Crime e se tornou o novo Rei da Cozinha do Inferno. Esse 3º volume compreende três arcos dentro desse período:

  • A Viúva: Natasha Romanova, a Viúva Negra, está de volta à Cozinha do Inferno, supostamente para auxiliar Murdock. Mas existem outros motivos obscuros... Participação especial: Nick Fury e Os Vingadores. Um arco encharcado de ação, envolvendo uma boa trama de espionagem e evocando o passado que o Demolidor e a Viúva já tiveram juntos.
  • A Era de Ouro: O antigo Rei do Crime, predecessor de Wilson Fisk, foi liberado da prisão, e está sedento por vingança contra o Demolidor, que na época ainda usava o uniforme amarelo! Um dos retcons mais bem executados que já vi, Bendis brinca com a cronologia do personagem e encaixa elementos para que a sua história desça redondo. E desce redondo! A antiga rixa Demolidor/Gladiador é reacesa aqui e rende mais um excelente arco!
  • Decálogo: Uma história com uma pegada mais “Marvels” e “Gotham Central”, com pessoas comuns que moram na Cozinha do Inferno narrando eventos de outras histórias do Demolidor pelo ponto de vista delas, e ainda com uma pitada de sobrenatural.

Brian Michael Bendis pode ser considerado raso e até chato em muitos de seus trabalhos, mas sua passagem à frente do título do Demolidor é irretocável! Cheia de ação, momentos de tensão e um bom ritmos, e contando com o competentíssimo Alex Maleev na arte, Essa fase é icônica, e só fica atrás da fase Miller, que definiu o personagem e o alçou ao status de herói de primeiro escalão tal como o conhecemos hoje. Em breve a Panini vai lançar um volume que conclui a fase Bendis e inicia a fase de Ed Brubaker, que também é bastante elogiada. Aguardemos então...



(Eduardo Cruz)


Compila as edições #61 a #75 da série Daredevil.
396 páginas. Capa dura.
R$ 95,00
 


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