quinta-feira, 30 de novembro de 2017

RESENHAS RELÂMPAGO: Novembro / 2017


Konichiwa, galera! Bem vindos a essa nova seção, onde agrupamos todas as resenhas relâmpago que soltamos ao longo do mês. Aqui, vocês têm um breve review do que pintou de interessante em HQs no mês de novembro! Dentre as leituras que se destacam no mês, temos John Constantine - Hellblazer, Monstro do Pântano, Batman, Homem Animal, Lanterna Verde e até um breve (e sincero!) review sobre o filme da Liga da Justiça! Então, vamos nessa?




MONSTRO DO PÂNTANO - RAÍZES DO MAL VOLUME 4


Dando sequência à fase Mark Millar em Monstro do Pântano, no arco Rio Acima continuamos acompanhando o Elemental campeão do Verde, agora também como o campeão do Parlamento das Rochas, em seu auxílio à escritora Anna. O elemental continua a navegar pela torrente de histórias que a autora criou, e nesses universos ficcionais, encontra uma versão do cientista Alec Holland, aquele que viria a se tornar o "molde" para o Monstro do Pântano na realidade que conhecemos. No final do arco, descobrimos quem estava por trás do martírio de Anna e o porquê: o Parlamento das Ondas. Seria esse mais um Level Up para o Elemental da Terra?

Em seguida conhecemos um clube gastronômico muito peculiar, onde seus membros tentam continuamente superar uns aos outros no quesito exotismo em seu menu, e onde vislumbramos um Cão do Pântano (!?). Por fim, na última edição deste encadernado, entramos na reta final do run Millar (só faltam mais 2 encadernados), onde alguns eventos são iniciados, e o resultado pode ser apocalíptico. E o que o Crocodilo - Aquele mesmo de Gotham City! - está fazendo no pântano???

Compila as edições #156 a #160 de Swamp Thing.

140 páginas. Capa cartonada.
R$25,90.





JOHN CONSTANTINE HELLBLAZER - DEMONÍACO VOLUME 5: ATÉ O ÚLTIMO HOMEM



Continuando a fase Paul Jenkins no título, temos um encadernado com duas histórias soltas e um arco em cinco partes. Abrindo com Dias de Vinho e Rosas, vemos Constantine dando mais um de seus golpes para faturar um dinheiro, e no processo, mijar na cabeça da aristocracia esnobe (o que, basicamente, é o modo como John leva a vida ;>)), porém, algo no ritual, que deveria ser falso, dá errado (déjà-vu de Newcastle aqui, mais alguém?) e forças fora do controle de John acabam interferindo em um caso horrendo de abuso familiar. Na sequência, em Caçada Selvagem, uma história de lobisomens (!!!) que serve de prelúdio para o arco Até o Último Homem, onde John mais uma vez ajuda a salvar o Reino Unido da destruição das garras de um Merlin muito rancoroso. Para isso ele vai precisar de uma ajudinha da Távola Redonda, e vai encontrar um MUITO improvável descendente do Rei Arthur.... Nesse arco vemos Jenkins amarrar ainda mais toda a mitologia de Constantine nos remetendo às Linhas de Ley citadas por Jamie Delano em A Máquina do Medo, sem falar em todo o folclore Arturiano envolvido. 



Ah, e por acaso falei que John arranja uma nova namorada??? Já estava na hora de superar Kit Ryan mesmo...

Compila as edições #108 a #114 de John Constantine Hellblazer.
180 páginas. Capa cartonada.
R$25,90.




BATMAN & ROBIN: A BUSCA POR ROBIN


Continuando o ótimo run de Peter Tomasi frente ao título, vemos Batman finalmente superar seu período de luto e aceitar a morte de seu filho Damian Wayne, usufruindo de uma relativa paz interior até que R'as Al Ghul, o avô da criança, rouba o corpo do menino com o intuito de ressuscitá-lo em um dos muitos Poços de Lázaro ainda espalhados pelo mundo. Possesso com a afronta, o Homem Morcego empreende uma perseguição para recuperar o corpo, e vai passar por cima de qualquer um que o impeça, seja a Liga das Sombras, as amazonas da Ilha Paraíso, a Liga da Justiça e o próprio Darkseid!



Muita pancadaria. Um Batman sem freios que quer cumprir seu objetivo a qualquer custo. Aliados inusitados como Frankenstein, abomináveis homens das neves e Lex Luthor. O Bat-Traje mais f*#@ já projetado. E no final do arco, um Robin um pouco... diferente.


A Busca Por Robin é uma história bem desenvolvida, despretensiosa - e por isso mesmo tão divertida - e com a participação de muitos personagens do universo DC, e com a participação de vários artistas, como Patrick Gleason (que nunca esteve tão bem quanto aqui), Juan Jose Ryp, Andy Kubert, entre outros. Já as histórias contidas neste encadernado da saga Future's End e os três anuais são histórias medianas, que parecem ter sido incluídas apenas para inchar o encadernado, porém o arco principal é sensacional. Mas não a esse preço de capa. Olho nas promoções e agarrem sem medo, bat-fãs e entusiastas em geral do universo DC que gostam de uma história eletrizante!

Compila as edições #29 a #40 de Batman & Robin, Robin Rises: Alpha, Robin Rises: Omega, Batman & Robin Annual #1 a #3 e Batman & Robin: Future's End.
500 páginas. Capa dura.
R$115,00.






NOVOS VINGADORES VOLUME 3: MUNDOS PARALELOS

Dando sequência à grande história contada por Jonathan Hickman frente aos Vingadores, acompanhamos o supergrupo de gênios da Marvel, os Illuminati, enquanto tentam combinar seus intelectos para salvar o Multiverso. Reed Richards desenvolve uma máquina que permite vislumbrar acontecimentos se desenrolando em mundos paralelos e descobrimos um pouco mais a respeito do evento catastrófico que consome universos inteiros - e quem está por trás disso. O pior de tudo é que se trata de mais de uma ameaça ao mesmo tempo...

Raio Negro tem mais uma preocupação: seu reino está um caos após a detonação de uma bomba terrígena que fez com que surgissem centenas de novos Inumanos por todo o mundo. O Doutor Estranho faz um acordo que pode custar sua alma. Pantera Negra e Namor parecem caminhar para uma trégua. E que grupo é aquele que lembra uma certa Liga da editora concorrente que Reed Richards viu em uma Terra paralela?



Sendo uma sequência dos eventos iniciados no título dos Vingadores e também dos Novos Vingadores, que como sabemos, vai desembocar lá na frente na mega saga Guerras Secretas, o arco deste encadernado volta a abordar o multiverso da Marvel com maestria. Aguardemos pelo próximo volume!


Compila as edições #13 a #17 de New Avengers.
140 páginas. Capa dura.
R$28,90.





LIGA DA JUSTIÇA


Precisamos falar do filme da Liga da Justiça?
Nunca fui muito dessa polarização de “quem é melhor, Marvel ou DC?” O que sempre me interessou foram boas historias, independentemente de quem escreva. Enquanto muitos torcem para que os direitos de alguns personagens voltem para as mãos da Marvel, eu continuo achando que não. Para mim, a fórmula Marvel/Disney além de já ter me cansado, torna todos os filmes iguais. Mesmo que a gente acabe lidando com alguns (muitos, até) filmes ruins, ainda acho melhor que assistir a mesma história eternamente. O grande exemplo é o filme Logan, que NUNCA seria possível se o personagem estivesse na Disney. Mas era para falar do filme da Liga da Justiça e estou falando da Marvel rs. 

Bom, vamos então ao ponto. BvS dividiu opiniões pelo mundo. Enquanto uns achavam o pior filme do mundo, outros achavam o filme maravilhoso. Não é uma coisa nem outra. Não se pode negar que Zack Snyder faz algumas cenas com uma grande beleza plástica, mas ele é como aquele primo que pede as suas revistas emprestado e não lê as histórias, só fica admirando as figuras. BvS tem cenas muito boas e empolgante em alguns momentos. O problema é exatamente em elevar a nossa expectativa a níveis estratosféricos e nos decepcionar logo em seguida. No fim das contas, ficou o gosto ruim na boca por um grande desperdício de potencial.


Depois de tanta gritaria na internet, anunciaram que o filme da Liga seria mais leve (fórmula Marvel?). Com a saída de Zack Snyder da direção do longa, a esperança voltou (piadinha acidental). Chamaram Joss Whedon para terminar o filme. Não tinha como dar errado, era o diretor do filme dos Vingadores. Certo?


Errado!

No filme da Liga, além de parecer tudo muito corrido e apressado, acabamos tendo uma grande regressão nos personagens. Batman, Mulher Maravilha e as amazonas, por exemplo, estão piores do que vimos antes. O Batman engraçaralho está mais para George Clooney que para Adam West. Esse sim é um filme com sérios problemas de tom. Em alguns momentos, fica constrangedor perceber onde ocorreram as refilmagens. Se transformou num grande monstro de Frankenstein, remendado com tudo que tem de pior nos dois diretores. Diferentemente de BvS, o filme não aumenta as suas expectativas para te decepcionar. Decepciona por manter as expectativas baixas o tempo todo. Não tem nenhuma cena realmente marcante e vibrante durante as duas horas de exibição. Ficou um filme genérico, sem identidade e completamente dispensável. Mesmo com a certeza de que seria decepcionante, ainda acho que Zack Snyder deveria fazer o filme que ele pensou. Seria uma merda, todo mundo reclamaria e a bola seria passada para outro. Não vai ser por causa de um filme que esses personagens irão desaparecer; é só lembrar do Batman com mamilos do Joel Schumacher e do Superman apático do Bryan Singer.

A esperança foi embora!

A única solução é soltar um caminhão de grana na mão do George Miller e pedir para ele fazer o filme da Liga como ele quiser e quando ele quiser. Certamente, mesmo que ele
esteja com noventa anos, vai ser melhor que os filmes dos últimos vinte ou trinta anos, como foi com Mad Max: Estrada da Fúria.





HOMEM ANIMAL: FORMAS MISTERIOSAS


No décimo encadernado da série Homem Animal a ser publicado no Brasil e o penúltimo da Fase Jamie Delano, em Formas Misteriosas continuamos acompanhando Buddy Baker, o Homem Animal, enquanto ele continua a resolver sua crise de poderes, sendo obrigado e rever a sua relação com o Vermelho, a grande rede que une todos os seres vivos da Terra. Ao mesmo tempo, O super herói tem problemas familiares a resolver, quando sua filha, a pequena Maxine, começa a manifestar poderes semelhantes aos seus, assustando os habitantes da pequena cidade onde agora vivem, na casa de Mary, sogra de Buddy. Algumas personagens de arcos anteriores voltam a surgir, enquanto uma nova personagem feminina é introduzida, e tudo estranhamente converge para a fazenda de Mary, que se torna uma espécie de comunidade matriarcal, onde os únicos do sexo masculino são Buddy e seu filho, Cliff.


O encadernado tem a arte de Will Simpson (Hellblazer), do sempre competente Steve Pugh (Santos dos Assassinos, Hellblazer) e de Russ Braun, e além disso traz uma história ligada a Cruzada das Crianças, um crossover que interligou vários títulos do selo Vertigo na época.



Esse volume quase não tem lutas, nenhum supervilão ou qualquer tipo de ação a que os leitores de HQs mainstream possam estar acostumados. Pelo contrário: Delano nos entrega longas sequências de conversas altamente verossímeis entre mulheres, um Buddy Baker contemplativo, que é obrigado a repensar sua vida após um acontecimento trágico em sua família e muitas cenas oníricas e surreais. Mas não estou dizendo com isso que o encadernado é ruim. Longe disso! Nos eventos contidos em Formas Misteriosas, Delano avança a trama e dá pra sentir que ele nos prepara para uma conclusão espetacular, a ser revelada no próximo encadernado da série, Praga Vermelha, anunciado ainda para esse ano, e que finaliza seu run no título. Certamente, uma HQ que honra o selo Vertigo, e uma das ótimas surpresas deste ano! 

Compila as edições #64 a #70 de Animal Man e Animal Man Annual #1.
244 páginas. Capa cartonada.
R$29,90.





THE BOYS - HEROGASM



Imagine todas aquelas mega sagas que infestam os quadrinhos atuais, às vezes mais de uma por ano!

Todos aqueles crossovers grandiosos, onde os nobres heróis de um universo se unem contra uma ameaça poderosa demais para apenas um herói ou equipe enfrentar, todos eles abnegados, dispostos a sacrificar a própria vida com o intuito de mais uma vez, garantir o triunfo do bem e da justiça!


Mas... e se isso não passasse de uma fachada, uma história falsa contada para o grande público? e se, na verdade, esses dias em que os heróis passam desaparecidos, supostamente em outros planetas ou outras dimensões, fosse apenas uma fachada para um festival de hedonismo e depravação sem nenhuma restrição ou limite legal e moral?



A mini série em seis partes Herogasm, compilada na íntegra neste volume da Devir, faz parte do universo de The Boys, de Garth Ennis e Darick Robertson, e é sequência direta da série principal, onde vemos Billy Carniceiro, Hughie Mijão, Leite Materno, O Francês e A Fêmea empreendendo sua cruzada contra super humanos depravados e amorais e o principal inimigo: O Conglomerado Vought American, que começa a estender suas garras para dentro do próprio governo dos EUA! Além disso, vemos Hughie sofrer um bizarro ataque sexual. Quais serão as repercussões disso nos próximos volumes?

Com esta publicação a Devir nos surpreende retomando a publicação da série no Brasil, que ficou alguns anos parada após a publicação do quarto volume. Agora é torcer para The Boys ser publicada até o final!!!

Compila as 6 edições da mini série Herogasm.
144 páginas. Capa cartonada.
R$49,90






ART OPS - COMO INICIAR UM TUMULTO



A Art Ops (trocadilho com "Op Art", um movimento artístico da década de 50, e o termo de língua inglesa "Ops" = Operativos, que seriam agentes designados para realizar missões táticas), ou Agentes da Arte, é uma organização secreta, que tem como principal finalidade proteger as obras de arte mais valiosas do mundo, e ao mesmo tempo proteger a humanidade de certas obras de arte perigosas, pois toda obra de arte possui vida própria, em determinadas condições. Quando a mãe de Reggie Revolt, a chefe da organização, desaparece, cabe a ele proteger La Gioconda, popularmente conhecida como Mona Lisa, de um misterioso inimigo que quer subverter a arte tal como a conhecemos.



Para isso, Reggie vai ter que contar com o auxílio do que restou da Agentes da Arte: Isabella, uma ícone de filmes trash dos anos 80 que estava presa em um videoclipe em loop infinito; O Corpo, um personagem de histórias em quadrinhos transposto para o nosso mundo, dotado de superpoderes; e J. Gorgeous, uma adolescente suburbana que embarca por acaso nesse turbilhão de insanidade. Agora eles precisam se unir e descobrir quem desapareceu com os membros originais da Agentes da Arte, e o por quê de Davi (aquele mesmo que Michelangelo esculpiu!) e a Estátua da Liberdade estarem à solta por aí...

Uma das raras séries atuais do selo Vertigo que começou de forma bem interessante, este primeiro volume apresenta os personagens e entrega uma história que diverte até mesmo aos não aficionados por arte clássica ou contemporânea. Acima de tudo, isto é apenas um gibi. Mas um gibi divertido à beça! E gibis também não são pequenas obras de arte? Aqui na Zona achamos Art Ops bom o bastante para continuar acompanhando a série, ainda mais com aquele gancho no final do encadernado. Difícil largar agora sem saber como aquilo vai continuar heheheheh... 

Compila as edições #1 a #5 da série Art Ops.
148 páginas. Capa cartonada.
R$24,90






THE WICKED + THE DIVINE: FANDEMÔNIO



Na sequência dos eventos iniciados no primeiro volume da série, continuamos a acompanhar Laura Wilson em sua jornada ao lado dos deuses reencarnados na Recorrência dessa era, e o tempo continua a passar: os dois anos que os deuses têm para viver entre os mortais estão se esgotando, e para alguns deuses, este tempo será bem menor...



Neste volume conhecemos o gentil e compassivo Inanna, que parece ter problemas mal resolvidos com Baal. Também descobrimos quem estava por trás da tentativa de assassinato de Lúcifer, ocorrida no volume anterior, e o porquê do ato. Finalmente é revelado exatamente o que vem a ser Ananke e o porquê de ela auxiliar o panteão nas Recorrências. Laura tem uma "breve" conversa com Dionísio, na rave mais intensa que um ser humano pode experimentar. Além disso, conheceremos um pouco mais de Odin e sua peculiar aparência. Bafomé põe em ação um plano para aumentar seus dias na Terra, mas o preço pode ser muito alto... para outros deuses. Por fim, nesta edição mais dois deuses se revelam! mas um deles parece ter uma existência divina curta demais...

The Wicked + The Divine comprova nesta continuação que é muito mais do que apenas hype e permanece uma das melhores séries a ser publicada na atualidade. Os órfãos de Sandman podem cair de cabeça nessa série sem medo! Aqui está um pouco do que vocês sentem falta até hoje. Mas The WicDiv ainda tem muito mais pra mostrar... aguardemos as continuações. Que não demorem muito! Nosso tempo na Terra é curto!!! ;>)

Compila as edições #6 a #11 da série The Wicked + The Divine.
192 páginas. Capa cartonada.
R$59,90





LANTERNA VERDE - A NOITE MAIS DENSA


A hora é agora! A Noite Mais Densa é a mega saga que marca o ápice do run de Geoff Johns nos títulos dos Lanternas Verdes. Após quase cinqüenta edições preparando o terreno, com a criação de outras tropas de luz para rivalizar com a dos Lanternas Verdes, todo o espectro de cores do Universo DC entra em uma guerra sem precedentes contra um inimigo mais poderoso que todas as tropas juntas! A aniquilação total, liderada por antigos (e poderosos!) inimigos, é o destino do universo caso todo o espectro das emoções não se una para combater essa ameaça!

Nós aqui da Zona consideramos essa uma das últimas grandes sagas a ser publicada por uma grande editora que tinha uma boa história a contar, e um dos retcons mais ambiciosos já feitos em um título de quadrinhos, tudo isso inspirado por uma pequena história escrita por Alan Moore nos anos 80, enquanto o bruxão de Northampton ainda trabalhava para a DC. Indispensável para fãs dos Lanternas Verdes, imprescindível para fãs da DC, obrigatório para fãs de quadrinhos em geral. 
Compila as edições  da série Green Lantern #43 - #51, Blackest Night #1-#8 e Blackest Night 0.

532 páginas. Capa dura.

R$125,00


Por agora é só isso! Acompanhem as resenhas relâmpago da Zona Negativa semanalmente em nosso Facebook e em nosso Instagram, e até o mês que vem!

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

AS BRIGADAS FANTASMA, de John Scalzi, ou "A guerra continua!!!"







Por EDUARDO CRUZ





"A tecnologia humana era boa, e no quesito arsenal os seres humanos estavam tão bem equipados quanto a grande maioria de seus adversários. Mas a arma que importa no fim das contas é aquela que fica atrás do gatilho."


E A GUERRA CONTINUA!

Depois de um hiato grande demais pra quem amou o Guerra do Velho logo nos primeiros capítulos, a Aleph finalmente publicou o segundo volume da série, As Brigadas Fantasma. O livro retoma a premissa principal da série, onde acompanhamos um conflito travado entre a humanidade e diversas espécies alienígenas pelo controle do maior número possível de planetas com condições propícias para colonização. Como não há muitos planetas desse tipo espalhados pelo universo, cada espécie quer garantir que aquele território conquistado permaneça seu! Então já sabem, né? É GUERRA!



Neste segundo volume da série acompanhamos o soldado das Forças Especiais Jared Dirac, desde o momento de seu nascimento. Clonado a partir das células de um possível traidor, a Federação Galática de Defesa cria Dirac a princípio para tentar descobrir o paradeiro e as intenções do dono do genoma original, na perspectiva de que a personalidade do doador se replique em seu clone, assim emulando o raciocínio do traidor a fim de localizá-lo e capturá-lo. Como a princípio isso não sai como o esperado, Dirac termina por ser incorporado a um pelotão das Forças Especiais liderado por ninguém menos que Jane Sagan, uma das protagonistas do livro anterior. Em As Brigadas Fantasma vemos um lado do conflito que foi abordado apenas perifericamente em Guerra do Velho: A rotina e treinamento dos soldados das Forças Especiais, clones modificados, gerados a partir do material genético dos recrutas idosos que morrem antes de ganharem seus corpos modificados para travarem as batalhas das FCD. Esses corpos, pelo fato de seus doadores originais morrerem antes que a transferência de consciência seja realizada, são verdadeiras tabulas rasas, criaturas sem passado engendradas com apenas um objetivo: proteger os colonizadores humanos universo afora. Lutar e morrer. No decorrer do livro, esse detalhe da trama evoca questões éticas semelhantes às que Mary Shelley aponta em Frankenstein, no que diz respeito à responsabilidade quanto à criação de vida artificial - aliás, a obra de Mary Shelley, bem como seus derivados pela cultura pop são brevemente citados em As Brigadas Fantasma


"Depois de assistir a Star Wars, todo mundo queria um sabre de luz e ficou irritado ao saber que na verdade a tecnologia para produzi-los não existia. Todos concordaram que os Ewoks deveriam morrer."


Scalzi referencia e homenageia suas influências de forma muito pontual desde Guerra do Velho, chegando a mencionar neste segundo livro o Tropas Estelares - o livro E o filme! -, notória influência do autor na criação da série, o que é algo bastante honesto da parte de Scalzi, visto que, fora alguns conceitos científicos que ele desenvolve ao longo da série, nada ali é exatamente original, mas o seu trunfo está em como opta por contar sua história. Apesar de Dirac não ter o carisma de John Perry, o protagonista do livro anterior, ele é interessante a seu modo e carrega a reboque questões filosóficas acerca de livre arbítrio, a natureza da consciência e do "eu".

 "As Forças Coloniais de Defesa descobriram, para seu intenso desgosto, que muitos de seus seres humanos levemente modificados ("levemente" sendo relativo) não ficavam muito felizes ao descobrir que eram criados como uma plantação de buchas de canhão e se recusavam a lutar, apesar dos melhores esforços de doutrinação e propaganda possíveis para persuadi-los. Humanos não modificados ficavam igualmente escandalizados, pois a decisão parecia mais outra medida eugênica por parte do governo humano, e o curículo de governos amantes da eugenia na experiência humana não era exatamente estelar."




Assim como em Guerra do Velho, Scalzi continua a desenvolver sua ciência maluca, e entre tantas raças alienígenas, armas, tecnologioas e biomodificações o destaque da vez fica para os Gameranos (sim, uma homenagem ao Kaiju japonês Gamera!).

À direita Gamera, e à esquerda, um tal de.... Gojira?

Essa geração de soldados das Forças Especiais foi projetada para sobreviver no vácuo espacial sem nenhum tipo de aparato, sendo inclusive a primeira geração de soldados a possuírem seus BrainPals, o computador interno que os soldados das Forças Coloniais de Defesa utilizam, em forma orgânica! O design desses humanos modificados lembrou muito algo que o geólogo e paleontólogo escocês Dougal Dixon já havia concebido em seu livro Man After Man: An Anthropology of the Future. O livro, que é um bestiário especulativo sobre os caminhos evolutivos do ser humano daqui a alguns milhões de anos trazia, entre vários outros exercícios de imaginação O Vacuumorph, um derivado do já distante Homo sapiens biologicamente apto a viver no espaço!

"Se conseguirem encontrar uma maneira de procriarmos naturalmente, teremos uma nova espécie: Homo astrum, que pode viver entre os planetas. Não teremos de lutar com ninguém por propriedade. E isso quer dizer que os seres humanos vão vencer."

Ilustração de Man After Man: An Anthropology of the Future





Como eu disse lá em cima, Scalzi pode não ser o cara mais original da Ficção Científica atual, mas compensa isso com uma narrativa divertida!


Ilustração de Man After Man: An Anthropology of the Future


Como no livro anterior, a escrita de Scalzi continua bastante leve e fluida, um verdadeiro vira páginas! eu li  Guerra do Velho em três dias, mesmo com toda a minha rotina e as leituras paralelas, e com As Brigadas Fantasma não foi muito diferente, apesar de alguns momentos que perdem o fôlego, e são um pé no freio em uma leitura que estava a 100 por hora minutos antes. Nada que faça o leitor abandonar antes de terminar, mas o ritmo mais lento da continuação em relação ao primeiro é evidente. John Scalzi - pelo menos nessa série da Guerra do Velho, não li mais nenhum outro livro do autor - consegue contar uma história com um bom ritmo e ao mesmo tempo manter a profundidade de seus temas: questionamentos como ética no uso de tecnologias avançadas, bem como questionamentos a respeito de bioética e transhumanismo, os elementos que fizeram de Guerra do Velho um livro tão singular e inteligente, permanecem aqui, aprofundando questões como os corpos clonados e/ou radicalmente modificados do primeiro livro, e também iniciando novas discussões, como "Que senso de identidade de alguém clonado pode desenvolver?", quase como se Scalzi estivesse ajudando a preparar a humanidade para problemas que ela ainda não tem. AINDA. Mas ei, foi exatamente isso que Mary Shelley fez em Frankenstein! e olhem pra gente agora, clonando humanos em segredo enquanto o resto da humanidade olha para o outro lado, assistindo Master Chef e Ídolos ovelhas!




"– […] Não vá me dizer que você é feliz de ser consciente. Consciente de que foi criado para um objetivo que não era a própria existência. Consciente das lembranças da vida de outra pessoa. Consciente de que seu objetivo é apenas matar pessoas e coisas que a União Colonial aponta para você. Você é uma arma com um ego. Seria muito melhor sem o ego."

Pra quem ainda não conhece, vale a pena dar uma olhada na nossa resenha de Guerra do Velho também. Quem curte ficção científica, ou mesmo quem apenas procura uma boa história com situações limite e muita ação para passar o tempo, saibam que ainda dá pra ingressar nesse pelotão! a Aleph publicou apenas dois volumes da série no Brasil até o momento (num total de seis), e o primeiro ainda é fácil de encontrar por aí. Então, não sei vocês, mas eu permaneço nessa guerra até o fim! QUEM ESTÁ COMIGO????  


EU NÃO OUVI VOCÊS, VERMES!!!!