segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior - Uma análise do artbook das capas, ou "A Resenha Relâmpago de Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior"







Por EDUARDO CRUZ


Uma pergunta pra todos os desafortunados, incautos e vermes de Batman que resolveram acompanhar a mini série O Cavaleiro das Trevas III - A Raça Superior até o seu amargo final, assim como eu: Se o O Cavaleiro das Trevas III - A Raça Superior (a partir desse ponto, chamemos de DKIII para poupar teclado, ok?) é tão bom, por que a maioria das capas da mini série, tanto as principais quanto as variantes retratam cenas de Cavaleiro das Trevas 1???

Capa variante da edição #1, por Mike Allred.

Capa variante da edição #4, por Gabrielle Dell'Otto.
Capa variante da edição #1, por Gary Frank.
Capa variante da edição #1, por Greg Capullo.
Capa variante da edição #5, por Gabrielle Dell'Otto.
Capa variante da edição #1, por Dave Johnson.

Capa variante da edição #1, por Lee Bermejo.
Capa variante da edição #9, por Chip Kidd.
A coisa mais empolgante que eu sentia mês a mês ao (insistir) em ler O Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior era ver as capas, que faziam referência aos melhores momentos da mini série O Cavaleiro das Trevas original, aquela de 1986. Aí já percebi que algo ia mal... se o melhor que tinha naquelas vinte e poucas páginas fazia menção ao que não aconteceu ali, e sim na mini série de trinta e um anos atrás, algo já não começou bem.

Capa variante da edição #1, por Gabrielle Dell'Otto.
Capa variante da edição #4, por Greg Capullo.
Capa variante da edição #3, por Gabrielle Dell'Otto.

Capa variante da edição #1, por Tony Harris.

Capa variante da edição #1, por Ivan Reis.
Capa variante da edição #1, por John Cassaday.
Uma mini série que está em sua segunda sequência ter uma centena de capas variantes já é algo pra deixar com a pulga atrás da orelha, mas essa mesma mini série ter cerca de 85% dessa centena de capas com alusões a cenas chave da mini série do Cavaleiro das Trevas original, lá de 1986? a DC praticamente declarou "Olha gente, nós sabemos que não acertamos de novo, a mini série é meio páia, mas olha só quanta capa maneira retratando as cenas imortais da primeira mini, e pelos melhores artistas do mercado! Não, não ligue pra essa história boba e desnecessária que o zumbi emulador de Frank Miller que temos em nosso poder escreveu! Olha que arte bacana do Lee Bermejo! e do Jim Lee! Darwyn Cooke! Jae Lee! Sean Murphy! Dave Johnson!!! E tem até uma do Quitely! meio apressada e nas coxas, mas ainda assim é Frank Quitely!!"

Capa variante da edição #1, por Matt Wagner.

Capa variante da edição #1, por Dave Johnson.
Capa variante da edição #1, por Dale Keown.
Capa variante da edição #1, por David Finch.



Capa não utilizada, por Patrick Gleason.
Capa variante da edição #4, por Rafael Albuquerque.

Capa variante da edição #6, por Giuseppe Camuncoli.

Capa variante da edição #1, por Jim Lee.
Capa variante da edição #1, por Jill Thompson.
Capa variante da edição #6, por Rafael Grampá.



Capa variante da edição #2, por Cliff Chiang.
Nah... Obrigado. Mas não, obrigado. Na dúvida, vá reler a Cavaleiro das Trevas original. Mas concordamos aqui que DK2 e DKIII são tão necessárias quanto um buraco na cabeça, não? O Cavaleiro das Trevas original dialogava muito bem com a época em que foi produzida. O tom social e político dos anos Reagan/Thatcher, que foram responsáveis por um certo nível de desagregação social e paranóia nuclear refletiram diretamente na história de Miller. Aquele Batman amargurado, torturado por seu passado e pela sensação de que no fim das contas não fez diferença alguma no combate ao crime, o que o força num lampejo insano a abandonar a aposentadoria e combater com ainda mais dureza e violência, um reflexo dos tempos em que foi produzida. Uma leitura que pode resvalar perigosamente no fascismo, uma hipérbole da catarse que a figura do justiceiro encapuzado representa. Tudo que foi desenvolvido por Miller nesse sentido na mini de 1986 acabou ignorado e/ou desvirtuado  pelo próprio Miller nas continuações, tornando O Cavaleiro das Trevas 2 desnecessário, e O Cavaleiro das Trevas III - A Raça Superior, bem, um chiste, na melhor das hipóteses. Ao tentar dialogar com seu contexto político atual (a Era Bush em DK2 e o advento da Era Trump em DKIII), Miller falhou miseravelmente. O raio caiu uma única vez no lugar certo. e foi apenas em 1986.



Capa da segunda edição da mini série original, arte de Frank Miller.

Capa variante da edição #7 de DKIII, por Chris Burnham.

Capa variante da edição #8 de DKIII, por Chris Burnham.
Então, se esse post parecia ser um post de análise do artbook reunindo as capas do DKIII, desculpem, mas vocês caíram na minha pegadinha: essa é uma resenha relâmpago de Cavaleiro das Trevas III: a Raça Superior
A resenha mais sucinta já publicada no blog.
Uma resenha de um fã da Morcega para outro.
Sem rodeios e floreios, DKIII é uma bosta fumegante. Um caça níqueis que eu chamo de "EXECRÁVEL!" (com direito à voz do Marcio Seixas!). E não, não sou hater do Morcego. Muito pelo contrário. Batman é um dos meus personagens favoritos. Mas se é pra produzir histórias como essas, melhor deixar quieto! Achei que a DC tinha aprendido depois do desnecessário Cavaleiro das Trevas 2.


Vou evitar falar desse aqui pra não baixar o nível do post...
Uma porcaria indefensável, sem nenhuma razão de existir além de prover fundos para Frank Miller, e esse é o único bom motivo que eu consigo encontrar para essa HQ ter sido produzida. Nenhum artista e/ou roteirista que deu sua contribuição criativa para que as HQs fossem tão populares hoje em dia, e finalmente alçado ao status de arte legítima, merece o ostracismo terrível a que Siegel, Schuster e Bill Finger foram expostos, isso pra citar os casos mais famosos. Miller pode estar, digamos, fora do eixo hoje em dia, mas alguém duvida que ele já faz parte da história das HQs? Nem eu, nem certamente vocês querem ver nosso cosplayer favorito de Freddy Krueger passando necessidades, certo? Então, se te serve de consolo, pensem que todo o $$$ gasto nas edições de DKIII serviram para que o bom velhinho tenha um pouco mais de condições de se manter dignamente pelo resto de seus dias. Pense nisso como uma tarifa de serviços prestados. O véio merece...

O cadáver reanimado de Frank Miller, mantido como refém na sede da DC Comics...
Já o artbook coletando as capas de DKIII, sim, esse vale muito a pena caso você seja um entusiasta da mini série original - já que o foco do artbook é relembrar os melhores momentos de DK1, pelo visto - ou fã de Batman em geral. Pelo menos é mais barato que colecionar essas nove edições que vão de nada a lugar nenhum! Então, vamos combinar uma coisa? mantenha sua cronologia pessoal ajustada assim: as continuações de O Cavaleiro das Trevas nunca aconteceram. Sua vida vai ser muito mais feliz e próspera. A alternativa é aceitar isso:



Ou isso:




De consolo, só resta lembrar do ano de 1986...



NÃO, PERA...




Como eu disse: Era melhor ter deixado quieto...


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