quarta-feira, 15 de agosto de 2018

O FILME DO PANTERA NEGRA, MUITO ALÉM DA MARVEL



                   
Por RICARDO CAVALCANTI

Ainda existe algo a ser dito sobre o filme Pantera Negra? Mesmo depois de tantas resenhas, tantas explicações e tantas análises? Como peça de entretenimento provavelmente não. Mas se olharmos para o filme de uma outra maneira? Se analisarmos num contexto um pouco maior? Este texto surgiu como resultado de discussões sobre o filme na redação do Zona Negativa e não trata de sua ligação com o universo cinematográfico da Marvel. Para isso já teve bastante gente abordando o assunto e elaborando milhares de teorias tiradas da cartola para aproveitar o hype do filme. Este texto fala de sua importância como possível instrumento de transformação social através de uma obra de cultura de massa. Trata de seu poder como forma de empoderamento e identificação. Trata de seus aspectos políticos e de sua representatividade. Mostra que é muito mais que um filme divertido com umas lutas legais.




Para início de conversa, precisamos deixar bem claro que Killmonger é um verdadeiro Pantera Negra.




A primeira e ultima cena do filme do Pantera Negra são exatamente no mesmo local e não é por coincidência. Oakland é onde Killmonger nasce é criado, e onde T’Challa inicia a abertura de seu programa de assistência social. Por que digo que não é coincidência? Por Oakland ser o local onde foi fundado o Partido dos Panteras Negras. Mas você sabe quem foram os Panteras Negras e sua importância?




Nem só de Martin Luther King Jr e Malcolm X se resumiu a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos nos anos 60. Existiu também a combativa Angela Davis, o elegante James Baldwin e um grupo que abalou as estruturas do conservadorismo norte americano: o Partido dos Panteras Negras. Com os seus membros armados para se defender, o partido reivindicava o fim da discriminação e violência (principalmente por parte da polícia) sofrida pela população negra norte americana. Além disso, o grupo também tinha um programa de assistência social e alimentação que ajudava os mais carentes. O grupo buscava se defender usando “todos os meios necessários”, que era uma frase que Malcolm X usava em seus discursos e que ganhou uma nova dimensão com o partido.

“Nossa união é sinal de perigo.”
Rincón Sapiência



Segundo o diretor do FBI, J. Edgar Hoover, os Panteras Negras eram a principal ameaça à segurança interna dos Estados Unidos. A questão que fica é: Era perigoso por ser um grupo que andava armado? Não, meus amigos. Se fosse por esse motivo, um grupo de brancos que andam encapuzados e se declaram “cidadãos de bem” (que aliás, era o nome de seu jornal), armados, queimam cruzes e atendem pelo nome de Ku Klux Klan também seria combatido. Mas eles estão aí há mais de 150 anos sendo um grupo terrorista sem nenhum tipo de repressão e com simpatizantes espalhados pelo país, inclusive ocupando a cadeira presidencial.
"O Cidadão de Bem", jornal da KKK (isso não foi uma risada)

“O cidadão de bem é uma arma de destruição em massa.”
Emicida

O personagem Pantera Negra da Marvel não tem nenhuma ligação com o Partido dos Panteras Negras. T’Challa veio antes do partido, mas a inspiração para o nome do partido não teve ligação nenhuma com o rei de Wakanda criado pela Casa das Idéias. Sua real inspiração foi a 66ª Divisão de Infantaria norte americana durante a Segunda Guerra Mundial, que era chamada de Divisão Pantera Negra e seu agrupamento era composto somente por soldados negros. 





T’Challa não compreende as razões de Killmonger e não percebe que seu ódio nasceu do ódio. Sempre relutando pela abertura de Wakanda, preferia manter as coisas como sempre foram e, como rei, cuidar somente de “seu povo”. Por viver isolado do resto do mundo, T’Challa acabou ficando alienado quanto ao que acontece com os seus semelhantes ao redor do globo. Talvez não por culpa dele, mas era difícil ele se entender e se enxergar como um negro e o que isso significava. Afinal de contas, é muito complicado alguém compreender o que é o racismo e seu poder de dano sem nunca ter vivido esse tipo de experiência (também pelo fato de viver dentro da bolha da realeza). Por isso não conseguia enxergar que ele não era só o rei de um povo, mas de toda uma raça. O Pantera Negra poderia ser muito maior que as limitadoras fronteiras de Wakanda. Ambos tinham objetivos claros e passaram o filme buscando alcançá-los. Enquanto Killmonger está tentando, através de todos os meios necessários, colocar fim na opressão que o povo negro sofre, T’Challa, tanto na sua primeira cena quanto na última em Wakanda, está mais preocupado em convencer Nakia a ficar com ele.

“Os verdadeiros líderes devem estar dispostos a sacrificar tudo pela liberdade de seu povo”
Nelson Mandela
466/64 Número do prisioneiro Nelson Mandela



Em alguns momentos sentimos como se fosse um embate entre duas grandes vozes na luta pela igualdade racial nos EUA: Malcolm X e Martin Luther King Jr. Enquanto Killmonger convoca para o enfrentamento, a atitude de T’Challa é mais “conciliadora” e menos intervencionista. Uma das maiores críticas de Malcolm X ao reverendo Martin Luther King Jr. era que seu discurso agradava aos opressores, pois sua resistência não-violenta deixava os negros sem defesas contra um ataque frontal. Ter um negro dócil é o que os opressores sempre quiseram.

“Aleijam as asas do pássaro e depois o condenam por não voar tão rápido quanto eles”
Malcolm X
Malcolm X


Enquanto o discurso de um é inspirador e te faz ter esperança na humanidade, o do outro era combativo e te deixava preparado para reverter a situação através de todos os meios necessários. Mas não podemos contar com a humanidade de humanos, nem com a predisposição para mudar pois, nas palavras de Morpheus em Matrix: “Precisamos entender que a maior parte das pessoas não está pronta para acordar. E muitos são tão inertes, tão dependentes do sistema, que vão lutar para protegê-lo”.

MSP Jeremias - Pele

Mas o antagonista de T'Challa não pode ser mais heróico que o herói. Precisa tirar o foco de suas reivindicações válidas, para seus métodos condenáveis. Ele precisava matar a mulher sem motivo aparente, por exemplo. Mas a frase “O sol nunca vai se pôr no reino de Wakanda”, dita por Killmonger, mostra sim o lado vilanesco do personagem, pois essa era o aforismo usado para definir a extensão do império Britânico, que possuía colônias em todos os continentes do mundo, impondo sua política, cultura, língua e, principalmente, seu domínio pela força. Isso sim é ser vilão!

“De onde eu venho, quando os negros começaram as revoluções, nunca tiveram o poder de fogo ou recursos para lutar contra os opressores. Onde estava Wakanda?”
Killmonger
Dorothy Counts, primeira aluna negra a ser admitida no colégio Harding, no sul dos EUA.

Rudy Bridges, aos 6 anos de idade, sendo escoltada pela polícia para conseguir chegar até a escola em segurança.

Killmonger é um chacal que prestava serviço para a CIA. Sua missão era cometer assassinatos em outros países, causando instabilidade nesses lugares, principalmente em épocas de eleição e mudança de poder. Todos os assassinatos que ele cometeu ao redor do mundo foram em nome da CIA. T’Challa fez o mea culpa em nome de seu pai, mas o agente da CIA não. Se fosse na vida real, o personagem da CIA interpretado por Martin Freeman, o “Branco Amigável”, agora sabendo que Wakanda possui uma imensa quantidade de vibranium, se aproveitaria do fato de que o país deixaria de ser isolado e organizaria um grupo de pessoas para causar instabilidade política no reino, causando a revolta da população (cometer alguns assassinatos pelo caminho), dando um golpe de estado e colocando uma de suas marionetes no poder como fez, por exemplo, com Saddam Hussein, Augusto Pinochet, Castelo Branco, Manuel Noriega e Michel Temer.




Lembram quando surgiu a notícia de que um grupo de fãs da DC estava se organizando para boicotar o filme do Pantera Negra e derrubar sua nota no Rotten Tomatoes? Será que em nenhum momento ninguém parou para pensar que não eram fãs da DC e sim a articulação de grupos racistas? Ou será que é coincidência que depois de DEZESSETE filmes da Marvel os fãs da DC acharam que era hora de fazer um boicote, justamente no protagonizado por um herói negro? Se assumir racista é feio, melhor usar subterfúgios para camuflar seu pensamento. Para quem estava torcendo pelo fracasso do filme, apresento para vocês números: Até o 66º dia de exibição do filme Guerra Infinita nos Estados Unidos foram arrecadados 672 milhões de dólares, enquanto o filme Pantera Negra arrecadou 681 milhões no mesmo espaço de tempo.



Sei que dificilmente alguém teria coragem de se assumir tão racista quanto o personagem de Edward Norton em A Outra História Americana (American History X). Mas assista novamente e veja o discurso do pai dele. Um bombeiro, “um herói”, “cidadão de bem”, que é tão racista quanto o filho. Agora veja como várias pessoas que conhecemos usam EXATAMENTE os mesmos argumentos que ele. Essas pessoas estão em nosso convívio. Estão nas rodas de amigos, nos grupos de whatsapp, no local de trabalho e até nas confraternizações em família. Onde será que erramos como sociedade para permitirmos que esse tipo de pensamento ainda esteja nos rodeando?

“Aprendemos a voar pelos céus como os pássaros, aprendemos a nadar pelos mares como os peixes, mas ainda não aprendemos a caminhar pela terra como irmãos e irmãs”
Martin Luther King Jr.
Martin Luther King Jr.


Para ilustrar melhor, tivemos recentemente dois casos que expõem bem o quanto o preconceito racial está enraizado na sociedade. O cantor César Menotti (da dupla César Menotti e Fabiano), no meio do programa Altas Horas, resolve fazer uma “piadinha” ao contar um caso acontecido em um dos seus shows, em que concluía afirmando que samba era música de bandido. O youtuber Cocielo (com mais de 7 milhões de seguidores no twitter e 16 milhões de inscritos no seu canal do youtube) fez também uma “piadinha inocente” associando a velocidade do jogador da França Mbappé à sua capacidade de fazer um arrastão. O que vemos depois desses casos é a covardia de passar para o ofendido a responsabilidade por não terem “entendido a piada”, que “era só brincadeira” e “foi só um deslize” (assim como fez Willian Waack). 



A história sempre se repete: uma legião de fãs e seguidores tentando simplesmente defender o indefensável. É muito mais cômodo manter o seu “ser de admiração” em um pedestal inalcançável de uma “quase divindade” do que admitir que se trata de uma péssima pessoa (não vou nem entrar no mérito da “qualidade” do que essas pessoas produzem). É claro que com isso aparece uma enxurrada de pessoas (brancas) definindo o que é e o que não é racismo, além de determinar se o ofendido deve ou não se sentir ofendido. Como minimizar os efeitos do racismo se é algo que não lhes afeta nem nunca lhes afetou?

“Numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista.”
Angela Davis
Angela Davis


Ônibus norte-americano com a divisão de área para brancos e negros


Com uma feliz sincronia, outro super-herói ganha destaque em uma adaptação em live action. A série do Raio Negro trata de forma adulta (além de várias outras questões políticas) sobre a questão racial e o que significa ser negro nos Estados Unidos. Longe da temática mais descompromissadas das outras séries da CW, Raio Negro consegue construir um mundo em que as pessoas, diálogos e situações são totalmente críveis (e atuais), levantando situações em que nem mesmo alguém com superpoderes conseguiria resolver. Além do mais, a trilha sonora dos episódios é excelente e chega a fazer parte das cenas (como no segundo episódio, por exemplo). É uma série que infelizmente não está tendo o reconhecimento merecido. Além de citações diretas a Malcolm X e Martin Luther King Jr. ao longo dos episódios, a série toma uma posição muito clara politicamente e usa acontecimentos atuais como o de Charlottesville como pano de fundo de sua trama. Ainda coloca um dos vilões soltando um “Let’s make America great again!”, mandando um recado direto ao comandante da Casa Branca (assim como T’Challa fez em seu discurso da ONU). Num dos episódios, Jefferson Pierce (o Raio Negro) aparece com um moletom do programa de alimentação do Partido dos Panteras Negras. No mesmo episódio descobre os efeitos de uma droga que é desenvolvida pelo governo americano (só pelo efeito causado pela droga já mereceria uma boa discussão, mas vamos deixar pra outro momento).

Jefferson Pierce, o Raio Negro




Nos anos 70 o movimento chamado Blaxploitation colocou nas telas dos cinemas os negros como protagonistas. Eram filmes direcionados a um público que não estava acostumado a se ver nas telas daquela maneira. Filmes de negros, com negros e para negros. Superfly, Shaft (com a marcante trilha sonora de Isaac Hayes), Black Belt Jones, Foxy Brown e Cleopatra Jones nos revelaram artistas como Fred Williamson, Pam Grier, Jim Kelly e Richard Roundtree, por exemplo. O movimento acabou definhando pela enorme quantidade de filmes sendo produzidos em um espaço de tempo cada vez menor (time is money) fazendo cair muito a qualidade das produções, afastando o interesse dos expectadores. 
Filme Black Ceasar


Pam Grier

Quem é o homem que arriscaria seu pescoço por um irmão? Isso mesmo.. Shaft!


Em 2009 foi lançado o filme Black Dynamite, uma divertida sátira aos filmes dessa época, com Michael J. White no papel principal e que virou animação no Adult Swim e já tem uma sequência programada para esse ano.




Os anos 80 e 90 representam a ascensão e o fortalecimento do rap com alguns nomes como N.W.A, Public Enemy, Ice T, Run DMC e Tupac Shakur (seus pais pertenceram ao Partido dos Panteras Negras). Suas letras eram carregadas de críticas sociais mostrando a realidade de uma população marginalizada e vítimas da brutalidade policial. O filme Straight Outta Compton: A História do N.W.A e a série da Netflix Hip-Hop Evolution são boas pedidas pra quem gosta e se interessa por rap e Hip- Hop.


RUN DMC

Tupac Shakur

N.W.A + Public Enemy


Infelizmente o mercado mainstream abraçou o rap relegando seu discurso de combate às desigualdades a segundo plano e transformou em uma vazia máquina de ostentação, onde o mais importante é o quanto você pode mostrar que tem mais que o outro, no melhor estilo “fique rico ou morra tentando”. Mas como diz Emicida: “A sociedade vende Jesus, por que não ia vender rap?”.




Spike Lee foi o responsável por inaugurar uma nova leva de filmes focando nas desigualdades sociais e conseqüências do racismo em terras norte-americanas. Faça a Coisa Certa abalou estruturas e colocou a questão do racismo para ser debatido amplamente (para quem gostou de Breaking Bad, procure identificar Gustavo Fring entre os atores). Outros filmes vieram abordando o tema com diversos enfoques diferentes, e outro diretor estreante fez um estrago maior ainda: John Singleton, que apresentou suas credenciais com Os Donos da Rua (Boyz’n The Hood), filme cuja exibição chegou a causar quebra-quebra em alguns cinemas.






Perigo Para a Sociedade, New Jack City e Duro Aprendizado (só para citar alguns), colocaram de volta não só o negro como um personagem central, mas apresentando uma complexidade menos pasteurizada e muito mais dura sobre a realidade. Mas, assim como foi feito com o rap, o mercado resolveu abraçar esses diretores e, com caminhões de dinheiro, comprar suas dignidades e importância no mainstream. John Singleton dirigiu o sofrível remake de Shaft, de 2000, cheio de estereótipos racistas contra os latinos, enquanto Spike Lee aceitou dirigir filmes sem importância alguma, além do dispensável remake de Oldboy. Seu último filme BlacKKKlansman (que está para ser lançado) foi premiado em Cannes e pode ser uma mudança nessa situação.


Spike Lee


Wesley Snipes em The New Jack City

Filme: Duro Aprendizado


A conscientização de um grupo social que sempre foi marginalizado era - e continua sendo - um grande risco para quem sempre exerceu o domínio, o poder e a exclusividade do uso da força. A invisibilização da cultura negra e africana (e sua influência) não é feita por acaso e é propositalmente apagada e ignorada. Ou você acha que a proibição do samba e da capoeira, e a tentativa de criminalização do funk não tem nada a ver com racismo? Ou você acha que é só “piada” quando um cantor de música sertaneja diz que samba é música de bandido?

“O sistema de racismo é muito eficaz. Para eles, um preto a menos é melhor que um preto a mais”
MV Bill



Rosa Parks, em 1955, presa por se recusar a ceder o seu assento a um passageiro branco em um ônibus.



A história nos mostra que o negro e sua cultura sempre foram marginalizados, a não ser que se possa tirar algum proveito disso. Por exemplo: quando Elvis Presley surgiu como um furacão, deixando a sociedade conservadora norte americana estarrecida, era por um motivo bastante específico: ele cantava e dançava como um negro. Lembra daquela entrevista que Elvis deu, falando de suas influências musicais, dando crédito aos músicos negros? Pois é, não tem. Ele veio do Mississipi, berço do blues e resolveu indicar como influência um tal de Carvel Lee Ausborn e mais um monte de caras brancos para agradar aos “cidadãos de bem”. Quando o Public Enemy lança “gracejos” para o “Rei do Rock” na música Fight The Power, não é sem motivo.


"Não foi racismo, não foi intencional", eles disseram.

"Não foi racismo, foi coincidência", eles argumentaram.



Quando vemos a última cena do filme Pantera Negra, em que um menino - ao se deparar com um irmão de cor daquela forma, com orgulho, bala na agulha e tecnologia superior à do homem branco - pergunta quem ele era, pode ser encarado como uma alegoria mostrando os efeitos da completa desconexão com suas raízes, sua cultura e com sua história que vêm sendo apagada há meio milênio. Um povo inteiro transformado em minoria. Uma minoria não numérica, mas de representatividade. Que lhe é permitido ser o atleta renomado, mas nunca um dirigente. Sua figura pode ser sexualizada e fetichizada, mas que não pode ter voz. Que é a última a ser atendida num restaurante, mas a primeira a ser abordada pela polícia. Essa invisibilização estrutural por aqui também é bastante “eficiente”. A importância de Zumbi até hoje é diminuída; a fantástica vida de Luiz Gama é completamente apagada; os irmãos Rebouças se resumem a nome de ruas e túneis; Machado de Assis até fica branco em propaganda de Banco.

“Emancipem-se da escravidão mental. Ninguém além de nós mesmos pode libertar nossa mente.”
Bob Marley
Bob Marley


Hoje já conseguimos ouvir diversas vozes no mainstream tratando das desigualdades sociais promovidas pelo racismo estrutural que está enraizado em nossa sociedade. Ver a série Black Mirror tratando das crueldades promovidas pelo sadismo racista no episódio Black Museum; o filme Corra, mostrando que a sensação de terror já começa a partir da abordagem policial; o fime Cara Gente Branca virar série com o mesmo nome abordando o tema; a ótima série Atlanta, com Donald Glover (O videoclipe This Is America é como um condensado do que é mostrado na série); a série do Raio Negro, já mencionada; até a Grafic MSP do Jeremias (já falamos sobre essa HQ aqui), tocando no assunto pelo olhar de uma criança que aprende desde cedo que a vida vai ser mais difícil que a de seus amiguinhos do bairro do Limoeiro. É claro que não podemos nos iludir e achar que o mundo está em rápida mudança e está finalmente se conscientizando e que todas essas obras não possuem outro objetivo que não o de lucrar em cima de um nicho de mercado que não costuma se ver representado e louco para consumir. Mas estamos aos poucos presenciando a transformação de uma população que sempre foi excluída e está em uma busca pela identidade que sempre lhe foi negada.

Para finalizar: Quem conseguiu identificar os golpes de capoeira que T’Challa deu no filme do Pantera Negra e no Guerra Infinita?
  

3 comentários:

  1. Muito bom texto!! Reflexões que todos deveriam fazer!! Quem sabe assim teríamos uma sociedade que entenda o significado de igualdade!

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    1. Textão necessário! Estamos aqui pra isso, bro! Aqui o senso crítico não vai dormir não!!!

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  2. Seu texto é incrível, cheio de boas referências que são importantíssimas. Raramente vemos filmes de super heróis da marvel com tanta profundidade e o mais interessante a representatividade das pessoas negras me fez ficar ainda mais interessada Achei seu texto interessantíssimo! E é um assunto muito atual. É bom ler essa abordagem. Pantera Negra talvez seja o filme mais consistente da Marvel, não só em matéria política, mas como trabalha a temática máxima do universo e como se mantém coerente. Raramente vemos filmes de super heróis da marvel com tanta profundidade. Essa mudança nos roteiros da Marvel abre a possibilidade de particularidades arrojadas dentro de um filme de herói sem que a empolgação seja deixada de ladoe ansiosa para conferir essa adaptação que pela sua resenha me pareceu estar um arraso.

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