terça-feira, 1 de novembro de 2016

O HOMEM QUE CAIU NA TERRA



RICARDO CAVALCANTI


     Estamos acostumados a ter contato com alienígenas na ficção. Os transmorfos, como o de "O Enigma do Outro Mundo", de John Carpenter, ou os de "Invasores de Corpos", de 1978 de Philip Kaufman (refilmagem de "Vampiros de Almas", de 1956); os superinteligentes, como o Brainiac da DC Comics, ou alienígenas preocupados com a preservação da Natureza, como o Klaatu de "O Dia em que a Terra Parou" (1951 e 2008) ou, o melhor de TODOSTODOSTODOS: o inimigo do Spectreman, Dr. Gori (o pai da neurolinguística).

Meu objetivo é a conquista!!!!!

    Neste ano, a Darkside Books lançou "O Homem que Caiu na Terra", de Walter Tevis, publicado originalmente em 1963, e que foi adaptado para o cinema em 1976, tendo no papel do "imigrante" do planeta Anthea, uma figura tão singular quanto o personagem do livro. Mas hoje não iremos tratar das similaridades e diferenças entre as duas obras. Só vamos aproveitar as imagens do filme, descaradamente, para ilustrar este post.

Quem consegue identificar quem é o David Bowie nessa foto?
Errou quem respondeu. São dois alienígenas.
 
    
    Na obra, temos o alienígena chamado David Bowie, digo, Thomas Jerome Newton, que chega à Terra para cumprir uma missão. Um ser do planeta Anthea, meio sem jeito, tentando agir com naturalidade como um homem qualquer. Era fisicamente um homem, mas não um humano. Usou sua superioridade mental para desenvolver inovações tecnológicas (que estavam muito avançadas para a época) e gerar riqueza o mais rápido possível. Afinal de contas, sua missão deveria ser cumprida em um prazo de cinco anos e envolvia dinheiro, MUITO dinheiro. Para isso, acabou se tornando um acumulador de capital, explorando a mão de obra operária, oprimindo os trabalhadoresnbgzjgfanysuiyf8zzmnnvmbkmjh jghagk ajyrt viva la revolucion kixfnurgknz qafdhjdhj hdlkhfkdycnqwey hrajhalshdfjnmb......


    Me desculpem, pessoal. Um comunista invadiu os escritórios da Zona Negativa, mas ele já foi devidamente deportado para Cuba. Voltamos com nossa programação normal...

    Seu plano não envolvia terraformar o planeta, ou uma invasão de seres que iriam nos dominar e escravizar. Pelo menos não de forma declarada. Envolto ao mistério do que Thomas Jerome Newton realmente estava desenvolvendo com toda aquela tecnologia, vamos percebendo o quanto o nativo do planeta Anthea vai se familiarizando e incorporando cada vez mais os hábitos e os costumes terrestres, se tornando mais humano que humano, demasiado humano.
Obs.: Eu sei, essa comparação não tem sentido nenhum. Foi só para fazer uma simbiose com Nietzsche e Rob Zombie...rs


Trailer de "The man who fell to earth" (1976)

    Aos poucos nosso personagem vai experimentando uma realidade bastante presente na vida de muitos humanos: a depressão. Esse sentimento que pode fazer definhar uma mente brilhante, macular um coração puro e destruir sonhos e esperanças, toma conta do personagem, que encontra companhia na bebida e na solidão.

    Assim como alguém que comete um crime perfeito, Newton sente a necessidade de dizer quem ele é e o que veio fazer aqui. Com isso, temos a confirmação de que a história não trata de seres espaciais, civilizações alienígenas ou viagens interplanetárias. Trata-se na verdade, de um indivíduo questionando sua vida e sua existência. Seus questionamentos e dúvidas começam a consumir suas convicções. Quando se passa tanto tempo sem ser quem realmente é, quem você se torna? Consegue ainda se reconhecer no espelho? 


Polêmica!!

   O livro traz ainda questionamentos e observações interessantes:

“A humanidade não pode ter direito de escolher a sua própria forma de destruição?”

   Ou um retrato de uma sociedade idêntica a nossa:

“...Com exceção de Farnsworth, que pertencia a outra classe ainda mais rara, que era dos ricos de verdade, todos os homens que Newton conhecera eram desta classe média. Todos eram muito parecidos e, se você os pegasse de surpresa antes do aperto de mão amigável ou da máscara habitual de presunção e charme jovial, tinham um ar meio abatido, um pouco perdido.”


    A história se desenvolve de maneira fluida e em nenhum momento se torna cansativa ou monótona. As suas 224 páginas facilitam essa dinâmica.

    No fim das contas, a minha sensação é de que existia muita coisa que poderia ser mais explorada no livro. Mas como fui com a expectativa muito alta (ou muito errada), acabei não me empolgando muito com o desfecho da história. Mas isso não significa que seja uma perda de tempo ou, para usar a expressão da moda, “um lixo”. Longe disso!

    Mas como diz o ditado: “você só se decepciona se cria expectativas”.

   Talvez, se você olhar com atenção, esse Antheano pode fazer mais parte da sua vida que você possa imaginar...






Nenhum comentário:

Postar um comentário