RICARDO CAVALCANTI
Estamos acostumados a ter contato com alienígenas na ficção. Os transmorfos, como o de "O Enigma do Outro Mundo", de John Carpenter, ou os de "Invasores de Corpos", de 1978 de Philip Kaufman (refilmagem de "Vampiros de Almas", de 1956); os superinteligentes, como o Brainiac da DC Comics, ou alienígenas preocupados com a preservação da Natureza, como o Klaatu de "O Dia em que a Terra Parou" (1951 e 2008) ou, o melhor de TODOSTODOSTODOS: o inimigo do Spectreman, Dr. Gori (o pai da neurolinguística).
Meu objetivo é a conquista!!!!! |
Neste
ano, a Darkside
Books lançou "O Homem que Caiu na Terra", de Walter Tevis,
publicado originalmente em 1963, e que foi adaptado para o cinema em
1976, tendo no papel do "imigrante" do planeta Anthea, uma figura tão
singular quanto o personagem do livro. Mas hoje não iremos tratar
das similaridades e diferenças entre as duas obras. Só vamos
aproveitar as imagens do filme, descaradamente, para ilustrar este
post.
Quem consegue identificar quem é o David Bowie nessa foto? Errou quem respondeu. São dois alienígenas. |
Na
obra, temos o alienígena chamado David Bowie,
digo, Thomas Jerome
Newton, que chega à Terra para cumprir uma missão. Um
ser do planeta Anthea, meio sem jeito, tentando agir com naturalidade
como um homem qualquer. Era fisicamente um homem, mas não um humano.
Usou sua superioridade mental para desenvolver inovações
tecnológicas (que estavam muito avançadas para a época) e gerar
riqueza o mais rápido possível. Afinal de contas, sua missão
deveria ser cumprida em um prazo de cinco anos e envolvia dinheiro, MUITO
dinheiro. Para isso, acabou se tornando um acumulador de capital,
explorando a mão de obra operária, oprimindo os
trabalhadoresnbgzjgfanysuiyf8zzmnnvmbkmjh jghagk ajyrt viva la revolucion
kixfnurgknz qafdhjdhj hdlkhfkdycnqwey hrajhalshdfjnmb......
Me
desculpem, pessoal. Um comunista invadiu os escritórios da Zona
Negativa, mas ele já foi devidamente deportado para Cuba. Voltamos
com nossa programação normal...
Seu plano não envolvia terraformar o planeta, ou uma invasão de seres que iriam nos dominar e escravizar. Pelo menos não de forma declarada. Envolto
ao mistério do que Thomas Jerome Newton realmente estava desenvolvendo com toda aquela tecnologia, vamos percebendo o quanto o
nativo do planeta Anthea vai se familiarizando e incorporando cada vez mais os hábitos e os
costumes terrestres, se tornando mais humano que humano, demasiado humano.
Obs.: Eu sei, essa
comparação não tem sentido nenhum. Foi só para fazer uma simbiose com Nietzsche e Rob Zombie...rs
Trailer de "The man who fell to earth" (1976)
Aos
poucos nosso personagem vai experimentando uma realidade bastante
presente na vida de muitos humanos: a depressão. Esse sentimento que
pode fazer definhar uma mente brilhante, macular um coração puro e
destruir sonhos e esperanças, toma conta do personagem, que
encontra companhia na bebida e na solidão.
Assim
como alguém que comete um crime perfeito, Newton sente a
necessidade de dizer quem ele é e o que veio fazer aqui. Com isso,
temos a confirmação de que a história não trata de seres
espaciais, civilizações alienígenas ou viagens interplanetárias.
Trata-se na verdade, de um indivíduo questionando sua vida e sua
existência. Seus questionamentos e dúvidas começam a consumir suas
convicções. Quando se passa tanto tempo sem ser quem realmente é,
quem você se torna? Consegue ainda se reconhecer no espelho?
O
livro traz ainda questionamentos e observações interessantes:
“A humanidade não pode ter direito de escolher a sua própria forma de destruição?”
Ou
um retrato de uma sociedade idêntica a nossa:
“...Com exceção de Farnsworth, que pertencia a outra classe ainda mais rara, que era dos ricos de verdade, todos os homens que Newton conhecera eram desta classe média. Todos eram muito parecidos e, se você os pegasse de surpresa antes do aperto de mão amigável ou da máscara habitual de presunção e charme jovial, tinham um ar meio abatido, um pouco perdido.”
A história se desenvolve de maneira fluida e em nenhum momento se torna cansativa ou monótona. As suas 224 páginas facilitam essa dinâmica.
No fim das contas, a minha sensação é de que existia
muita coisa que poderia ser mais explorada no livro. Mas como fui com
a expectativa muito alta (ou muito errada), acabei não me empolgando muito com o
desfecho da história. Mas isso não significa que seja uma perda de
tempo ou, para usar a expressão da moda, “um lixo”. Longe disso!
Mas
como diz o ditado: “você só se decepciona se cria
expectativas”.
Talvez,
se você olhar com atenção, esse Antheano pode fazer mais parte da
sua vida que você possa imaginar...
Nenhum comentário:
Postar um comentário